São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Equipe de Montoro volta ao poder em SP

EMANUEL NERI
VINICIUS TORRES FREIRE

EMANUEL NERI; VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

A eleição de Mário Covas vai colocar de novo no governo de São Paulo um grupo ex-peemedebista, hoje tucano, que Orestes Quércia apeou do poder em 1987.
São nomes egressos da equipe do ex-governador Franco Montoro (83-87). Quem não for auxiliar Fernando Henrique Cardoso no governo federal ficará com Covas.
Membros do "MDB histórico", a maioria deles vem da elite universitária paulista. Liderados pelo hoje senador José Serra, em 1982, faziam parte da "Sorbonne" ou grupo da (rua) "Madre Teodora", endereço onde foi elaborado o programa do governo Montoro.
Alguns estiveram na prefeitura Covas (83-85). Não havia eleição para o governo da capital. Covas foi nomeado por Montoro.
O poder começou a escapar das mãos dos "sorbonneses" quando Quércia tomou o lugar de Covas como vice de Montoro e, quatro anos depois, foi o candidato ao governo, eleito, do PMDB.
Já como tucanos, em 1988, disputavam a prefeitura com Serra. Perderam. No último dia 15, no comitê de Covas, se cumprimentavam quase sempre com o mesmo desbafo: "finalmente, depois de oito anos".
Técnicos
Os mais cotados coordenaram os 26 grupos setoriais de elaboração do programa de governo de Covas. Os cotadíssimos fizeram parte da coordenação geral.
Covas teve uma preocupação ao formar a equipe que elaborou seu programa de governo. Ele colocou três nomes em cada grupo setorial. Segundo os covistas, o objetivo era evitar especulação em torno do secretariado.
Os nomes, como os planos concretos, ainda não estão definidos. Em primeiro lugar porque os coordenadores, 93 pessoas, formam o leque de "opções técnicas".
Mas há acertos políticos a fazer, e mesmo petistas podem compor o governo. O ex-deputado Robson Marinho, coordenador de campanha, nome para uma secretaria política, deve atuar na articulação política do governo.
Em segundo lugar, não menos importante, Covas é centralizador e mantém uma certa distância da equipe. Antes de viajar para um "spa" em Campos do Jordão, baixou uma "lei do silêncio" sobre seus assessores.
"Tucanão"
Uma história exemplifica o caráter centralizador de Covas. O grupo de FHC ofereceu para assessores covistas toda a infra-estrutura da campanha presidencial. Um dos assessores respondeu: "Ótimo, mas vamos consultar o 'tucanão' (Covas) primeiro."
Acesso direto mesmo tem apenas o amigo de 30 anos e assessor Oswaldo Martins. O jornalista levou para a campanha o método de consulta imediata de opinião para avaliar os programas de TV.
Nomes
Entre os "técnicos", o nome mais cotado, talvez para a secretaria de Planejamento, é o do coordenador geral do programa, Antônio Angarita.
Professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, foi indicado por Covas para dirigir a Vasp no governo Montoro.
Na comissão que consolidou as propostas dos 26 grupos setoriais, se destacam Miguel Kozma (ex-vice da Cesp), Dalmo Nogueira (professor da FGV), Maria Helena Berlinck, principal assessora de Angarita e Luiz Caetano (de Santos, amigo de infância de governador eleito e seu assessor jurídico na prefeitura).
Na área jurídica, também concorrem a uma secretaria José Afonso da Silva, que foi secretário de Negócios Jurídicos de Covas na prefeitura, e Belizário Santos Júnior, advogado e amigo de Covas.
Para as pastas econômicas, as opções se diversificam. No grupo que estudou o que fazer da dívida e do rombo do Banespa, estão André Franco Montoro Filho, filho e ex-secretário de Montoro, e Vladimir Rioli, vice-presidente do Banespa até recentemente (governo Fleury). É cotado para ocupar cargo importante na Fazenda.
No grupo, estão também Henrique Fingermannn (trabalhou com Montoro), e Carlos Luque, professor de economia da USP. Yoshiaki Nakano, principal assessor de Bresser Pereira no Minsitério da Fazenda, é um nome de destaque.
Andréa Calabi, que trabalhou com Montoro e Sarney e participa de reuniões da transição FHC, pode ocupar a Indústria e Comércio, assim como o empresário Emerson Kapaz, amigo de Covas.
Cultura
Na área cultural são opções dois ex-secretários. Gianfrancesco Guarnieri, ex de Covas (sua mulher, Vânia Santana, é covista histórica) e Jorge Cunha Lima, ex de Montoro.
Gilda Portugal Gouveia trabalhou com Montoro e é uma muito próxima de Paulo Renato Souza. Pode ir para o governo federal. Rose Neubauer, professora da Faculdade de Educação da USP e covista histórica, é o "nome técnico" mais forte.

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