São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Equipe de Alencar prevê atrito com Covas

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O plano do governador eleito do Rio, Marcello Alencar (PSDB), para recuperar a economia do Estado prevê colisões com os interesses de São Paulo.
"Vamos ter muita troca de bicadas de tucanos", disse o coordenador do programa de governo de Alencar, Paulo César Bastos, referindo-se ao fato de Alencar e o governador eleito de São Paulo, Mário Covas, serem do PSDB.
Segundo ele, os tucanos do Rio vão convidar os paulistas para discutir formas de diminuir os atritos decorrentes de algumas dessas disputas e buscar interesses comuns.
Um dos projetos de Alencar prevê reforma na Constituição para permitir a cobrança de impostos, pelo governo do Rio, do petróleo "exportado" da Bacia de Campos, no norte do Estado, para as refinarias de Paulínia e Cubatão, em São Paulo.
A Constituição isenta de imposto a primeira transação interestadual de petróleo e derivados. Se Alencar conseguir que a Petrobrás pague impostos ao Rio, São Paulo recolherá uma alíquota menor pela comercialização da gasolina.
Outra fonte de "bicadas" entre tucanos é a pressão de Alencar junto ao governo federal para que o gasoduto que liga Campos a São Paulo seja "sangrado" em regiões do Estado do Rio onde o gás natural possa ser usado para alavancar a indústria. Alencar e sua equipe preparam argumentos para convencer o próximo governo paulista de que esses e outros planos de investimentos federais no Rio beneficiariam os dois Estados.
No caso dos impostos da Petrobrás, a mudança do dispositivo constitucional, segundo Paulo César Bastos, permitiria que São Paulo também cobrasse impostos pela "exportação" da gasolina de Paulínia para outros Estados.
"Com o petróleo saindo para São Paulo sem deixar um centavo de imposto no Rio, parecemos a Arábia Saudita sendo explorada pelos Estados Unidos", compara.
Os tucanos do Rio querem atrair as bancadas da Bahia, que enfrenta o mesmo problema, e do Paraná, que nada recebe pela energia de Itaipu que vai para outros Estados, para enfrentar o lobby dos paulistas no Congresso.
Há três semanas, Alencar e Covas se reuniram com Eduardo Azeredo, governador eleito de Minas pelo PSDB, e decidiram se unir na chamada "guerra fiscal", concessão de isenção de impostos para atrair a instalação de indústrias.

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