São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Urina era usada como alvejante na Europa

DA NEW SCIENTIST

Na Europa, durante a Idade Média, o algodão era mergulhado em urina e deixado ao sol, para ser alvejado, e depois tingido com várias tinturas vegetais diferentes.
Era um processo lento e pouco eficiente. Hoje em dia os fabricantes de fios e tecido de algodão costumam utilizar produtos químicos.
Mas Sally Fox, produtora de algodão no Arizona e ex-entomologista, descobriu uma maneira de eliminar os processos de branqueamento e tingimento.
Ela cultiva variedades de algodão naturalmente coloridas.
Em sua fazenda em Wickenburg, perto de Phoenix, no Arizona, ela cultiva algodões amarelos, vermelhos, verdes e marrons –todas as cores naturalmente associadas a plantas e árvores.
As cores que produzo são aquelas que geralmente se vê num bosque, diz ela.
Quer se trate de árvores vivas (verde) ou moribundas (amarelo, alaranjado, marrom ou marrom-acinzentado).
Não se trata de uma idéia nova, mas da reformulação de uma idéia antiga. O algodão da espécie Gossypium barbadense e da G. hirsutum cresce em várias cores além do branco, mas nos últimos 150 anos os produtores procuraram cultivar algodão branco, porque era isso que as indústrias de fiação e tingimento procuravam.
As variedades antigas de algodão colorido também tinham fibras mais curtas do que o algodão branco, e não podiam ser fiadas a máquina.
Sally Fox desenvolveu seu algodão patenteado, FoxFibre, usando técnicas clássicas de seleção e hibridação com variedades brancas de fibras longas, melhorando a qualidade das fibras do algodão colorido para que pudesse ser fiado a máquina.
Em 1993 ela produziu cerca de 2.000 toneladas de algodão naturalmente colorido, cultivado numa área de mais ou menos 4.000 hectares, e atualmente está vendendo sua safra, organicamente cultivada, a muitos fabricantes na Europa e nos EUA.
Embora suas fibras custem mais ou menos três vezes mais que o algodão branco, Fox afirma que os fabricantes poupam uma quantidade equivalente por não usarem alvejantes e tinturas.
Os preços das roupas acabadas confirmam o que ela diz.
Um suéter produzido com sua lã é vendido no varejo por cerca de US$ 39, um preço competitivo comparado aos produtos semelhantes feitos de algodão convencional.
As toalhas vendidas por lojistas também têm preços competitivos.
"É claro que jamais poderemos produzir algodões azuis ou vermelhos", diz Andrea Hill, que trabalha com Sally Fox.
"Mas dá para fazer muita coisa com verde e marrom. A idéia é que os fabricantes poderão usar nossas fibras toda vez que quiserem produzir peças dessas cores."

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