São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Fraquezas de um galalau

Em 1985, picado pela mosca azul, o professor e poeta piauiense Cinéas Santos decidiu entrar para a política. Intelectual de esquerda com prestígio em Teresina, foi logo aceito na chapa do PT que disputaria a prefeitura naquele ano, como vice de Antônio Medeiros.
O PT perdeu feio. Cinéas ficou desapontado, e só muitos meses depois pôde perceber que a candidatura pelo menos lhe valera mais prestígio: foi convocado para uma das equipes do prestigiado "Torneio Imprensa" de peladeiros.
Homem de meia-idade e sem intimidade com a bola, Cinéas foi para o primeiro treino do time, sob a direção do técnico Pato Preto, uma legenda do futebol piauiense.
A bola rolou nas areias da praia do rio Parnaíba e logo estava nos pés de Cinéas, plantado na área inimiga, de cara com o goleiro.
Ele armou um canhão, mas o chute saiu chocho. A bola, humilhada, ficou nos braços do goleiro.
Pato Preto não perdoou:
– Ô, compridão! Esse rapaz que está no gol é seu parente?
– Não, senhor!
– Então, chuta a bola com força, ou vai comer pão com Q-Suco pra criar sustança, galalau!

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