São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Pirelli se reestrutura e tem lucro

FREDERICO VASCONCELOS
ENVIADO ESPECIAL A MILÃO

O grupo italiano Pirelli aguarda 1995 sob a perspectiva de duas mudanças presidenciais no Brasil. Em janeiro, Giorgio Della Seta assume a presidência da Pirelli brasileira alimentando expectativas otimistas em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso.
"Esperamos que a economia brasileira se desenvolva gradualmente", diz Piero Sierra, de seu posto de observação em Milão. Sierra já comandou a Pirelli no Brasil e hoje é "managing director" e destacado membro do Conselho Executivo do grupo.
A previsão de Sierra é coerente com o "moderado otimismo" com que a Pirelli analisa a economia mundial, ao concluir um rigoroso processo de reorganização e superar a fase dos prejuízos.
No Brasil, a Pirelli Pneus S/A havia realizado prejuízo equivalente a R$ 41,7 milhões em 1992.
A partir de 1993 os resultados voltaram a ser positivos e ela registra lucro líquido de R$ 12,6 milhões nos primeiros nove meses de 1994.
Della Seta –há 33 anos no grupo– substituirá o milanês Emilio Casnedi, que vai se aposentar depois de ter conduzido, nos últimos dois anos, o processo de reestruturação da Pirelli no Brasil.
Casnedi admite que a empresa foi surpreendida com a abertura iniciada no governo Collor, mas superou o período necessário para avaliar a profundidade das mudanças e hoje opera com a certeza de que esse processo é irreversível.
A Pirelli brasileira acompanhou a estratégia internacional do grupo, que passou por uma reestruturação em 1992 e 1993.
O ano de 1994 marca o início do plano de relançamento que vai até 1996.
A primeira fase tinha como metas fortalecer a estrutura financeira do grupo, concentrar as atividades nos dois negócios principais (pneus e cabos), enfatizar a pesquisa e o esforço em busca da maior eficiência e qualidade.
Entre 1991 e 1993, o grupo fechou fábricas no mundo inteiro (passou de 102 unidades para 80 no período). Reduziu em 18% o quadro de pessoal, com cortes em todos os setores (de 51,5 mil para 42,1 mil empregados). No Brasil, o número de funcionários caiu de 11 mil para 7,5 mil, sem redução dos volumes comercializados.
Esse esforço pela eficiência –em níveis globais– resultou em crescimento de 13% nas vendas consolidadas, em meio à recessão, e em aumento de 39% no índice de vendas por empregado.
Saindo de uma frustrada tentativa de aquisição da Continental, fabricante alemã de pneus, entre 1990 e 1991, operação com a qual amargou fortes prejuízos, a Pirelli conseguiu apresentar, já no final de 1993, uma redução de 44% em seu endividamento.
Isso foi obtido com a venda de setores diversificados, maior eficiência na administração do capital de giro, redução de investimentos fixos e aumento de capital.
O plano de investimentos da Pirelli internacional prevê a destinação de US$ 800 milhões até 1996 quase exclusivamente para os programas de qualidade de produtividade (US$ 100 milhões serão destinados às unidades no Brasil, onde o grupo possui o segundo mais importante centro de pesquisas de cabos, depois da Itália).

O jornalista FREDERICO VASCONCELOS viajou à Itália a convite da Pirelli

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