São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994
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Brasil terá ação internacional antidroga

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL A NÁPOLES

Na presença de representantes de 140 países, foi aberta ontem em Nápoles (sul da Itália) a 1ª conferência mundial das Organizações Unidas sobre crime organizado.
O presidente italiano Silvio Berlusconi anunciou na abertura a criação de forças multinacionais, sob coordenação da ONU, para combater o crime organizado. "É necessário abrir uma verdadeira guerra contra os cartéis."
O ministro da Justiça do Brasil, Alexandre Dupeyrat, que compareceu à abertura do congresso, afirmou que "combater o crime organizado e a lavagem de dinheiro é uma das prioridades do país".
Os documentos da ONU revelam que o Brasil é um dos cinco países onde vão se concentrar as operações antidrogas, em 1995.
A divulgação dos documentos foi feita sob tensão. Nápoles está cercada por mais de 5.000 policiais, que temem uma represália da Camorra, a Máfia napolitana, contra a presença das autoridades internacionais na cidade.
A conferência é realizada no Palácio Real de Nápoles, onde esquadrões antibomba desmontaram até mesmo os computadores de cerca de 30% dos mais de mil jornalistas presentes no evento.
Os primeiros documentos divulados no encontro revelam que o Brasil ocupa o primeiro lugar na lista dos 40 países onde os cartéis colombianos mais estenderam seus negócios em 1994.
Segundo a ONU, o Brasil é hoje o principal trampolim para o transporte das drogas produzidas pelos cartéis de Cali e Medellín.
Esses dois cartéis, diz a ONU, comandam a lista das maiores organizações: a Máfia italiana, a Yakuza japonesa, a "Triad " de Hong Kong e a máfia russa, conhecida como Vory Zakoye.
Os lucros dos cartéis chegariam a US$ 700 bilhões/ano. O Brasil é apontado como principal plataforma por onde passa o eixo da criminalidade mundial, que é a cocaína.
A droga que sai do Brasil, diz a ONU, vem sendo trocada na Europa por armas. E a Máfia italiana, principal compradora de coca, está expandindo seus investimentos.
O último deles, segundo a ONU, tem sido o tráfico de plutônio. Com a operação "Green Ice", deflagada há dois anos, a Organização das Nações Unidas detetou novas alianças enre o Cartel de Cáli e a Máfia.
Foram descobertas novas rotas de tráfico de plutônio entre Moscou (Rússia) e Munique (Alemanha), com a participação de criminosos colombianos e espanhóis.

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