São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994
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Baixo estoque de sangue em SP cancela cirurgias

DA FOLHA NORTE E DA REPORTAGEM LOCAL

O Hospital de Base de São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo) parou de fazer cirurgias por causa da falta de sangue no hemocentro. Os pacientes prejudicados são dos grupos sanguíneos 0, A e AB, todos com fator Rh negativo. Ontem, duas pessoas esperavam a doação para serem submetidas a cirurgias cardíacas.
A falta de doadores é a principal causa da deficiência no estoque de sangue do hemocentro, segundo a assistente social do HB, Denise Beatriz Rack de Almeida, 31.
"No período de festas natalinas e férias, as pessoas esquecem as doações, mas os acidentes de trânsito e as cirurgias não diminuem."
Denise diz que alguns pacientes têm que esperar a reposição de sangue no hemocentro para fazer cirurgias. O HB não registrou mortes devido à falta de sangue.
O sangue negativo é o de menor incidência nos doadores. Apenas 15% da população tem fator Rh negativo. O hemocentro tem hoje no estoque 2.000 unidades de sangue, sendo que a quantidade necessária para é 4.000.
As cirurgias que mais precisam de transfusão de sangue são as cardíacas, ortopédicas e gástricas. A média mensal é de 2.800 transfusões. A média de doações é de 1.300 por mês.
Nem todas as amostras coletadas são aproveitadas. Após ser coletado, o sangue do doador é analisado para evitar a contaminação do paciente que vai recebê-lo. A média de aproveitamento é de 75%.
São Paulo
As cirurgias marcadas para hoje nos hospitais municipais de São Paulo podem ser canceladas devido à falta de sangue nos estoques da Fundação Pró-Sangue –responsável pelo abastecimento dos hospitais da Grande São Paulo.
O problema mais grave foi registrado nos estoques do sangue tipo O positivo, considerado doador universal pelos médicos, e o mais requisitado para cirurgias.
Ontem pela manhã, a fundação dispunha de 300 bolsas de sangue tipo O positivo, insuficiente para responder aos pedidos feitos pelos hospitais. Em um dia são usadas em média 450 bolsas do tipo O positivo nos hospitais da cidade.
"Se a situação continuar neste ritmo não teremos nem como mandar as três bolsas diárias de sangue tipo O positivo que os hospitais necessitam para o uso diário", afirma Marcelo Cliquet, 32, chefe da divisão Hemoterápica da Fundação Pró-Sangue e Hemocentro de São Paulo.
"É preciso que as pessoas se conscientizem que não basta doar sangue uma vez, tem de virar um hábito", diz Cliquet.

Disque Sangue (tira dúvidas e informa locais de doação): tel. (011) 258-0404.

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