São Paulo, sábado, 26 de novembro de 1994 |
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As aspirações do povo
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA É preciso procurar captar e compreender as aspirações de nosso povo.A Igreja Católica reconhece suas limitações e falhas, mas sente a sua responsabilidade diante de Deus e da história. É por isso que o Conselho Permanente da CNBB, com 27 bispos e 40 outros participantes, incluiu na pauta a análise do momento atual, ofereceu suas reflexões sob a forma de "mensagem aos governantes, legisladores e magistrados". O documento, com 20 parágrafos, constata a oportunidade histórica de mudanças para melhor no país. Trata, a seguir, das urgências maiores e apresenta na terceira parte os caminhos que conduzem ao Brasil que queremos. Qual é a oportunidade histórica? A aproximação do Natal, na perspectiva da fé, faz crescer nossa esperança em Jesus Cristo, "Luz das nações" e "Príncipe da Paz". Há, no entanto, condições objetivas que ajudam, também, a acreditar em novos tempos: o processo eleitoral realizou-se num clima democrático, a sociedade civil, mais organizada, vai procurando que se exerça a cidadania e a colaboração na busca do bem comum. A reforma monetária deu mais segurança ao povo, mas precisa ser completada com medidas em bem dos mais necessitados. A mensagem aponta como urgência maior para a necessidade de um plano integrado a fim de superar a exclusão social em que se encontra a maioria da população. Para isso será preciso promover uma política social que resista ao neoliberalismo, vença os egoísmos coletivos e atenda aos mais pobres para que tenham emprego produtivo e a integração na sociedade. O texto recorda que as mudanças almejadas requerem solidariedade e patriotismo responsável, e o indispensável processo de conversão interior de cada pessoa. Quais os caminhos a percorrer? Será preciso, em primeiro lugar, esclarecer qual é o desenvolvimento que se pretende alcançar, assegurando que os resultados econômicos e tecnológicos estejam a serviço de melhor qualidade de vida para todos. Em segundo lugar, continue-se promovendo a cidadania, a participação política da sociedade e as parcerias com organismos governamentais, como no Consea e Conanda. Caberá aos três Poderes integrarem seu trabalho. O Judiciário consolide a convivência democrática, e o Legislativo assegure a confiança nas leis e a validade delas para todos, evitando privilegiar interesses corporativos e dando exemplo de solidariedade com o povo carente. Seguem-se propostas concretas: 1) garantir ao Nordeste e à Amazônia projetos de desenvolvimento adequado; 2) favorecer o acesso de todos à terra, para produzir, e garantia de direito ao solo urbano para morar; 3) encarar de frente e com eficiência o analfabetismo e o atendimento à saúde do povo; 4) assegurar a estabilização da moeda brasileira sem maiores sacrifícios do povo; 5) sustar a violência em suas causas, sem ferir os direitos da cidadania. A mensagem termina com uma prece, pedindo a Deus que ilumine, no exercício do mandato, os que foram eleitos e que o Natal de Jesus apresse o dia em que o povo, de mãos, rosto e coração limpos, viva feliz num Brasil sem exclusão e violência, Brasil de todos e para todos. D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna. Texto Anterior: A manga e os nichos Próximo Texto: Tribunal de (faz) de Contas da União Índice |
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