São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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CPI investigou empreiteira que ajudou PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Via Engenharia –empreiteira envolvida em dois processos na Justiça Federal e suspeita de participar do esquema de desvio de verbas investigado pela CPI do Orçamento– foi junto com a Odebrecht a grande financiadora da campanha do PT que elegeu Cristovam Buarque para o governo do DF (Distrito Federal).
Juntas, a Via e a Odebrecht contribuíram com R$ 400 mil (R$ 200 mil cada). Isso corresponde a 40% do total gasto na campanha (R$ 1 milhão).
As doações de empreiteiras serão discutidas hoje na reunião da Executiva do PT-DF. A ala mais radical vai propor a devolução do dinheiro, mas deve ser derrotada pelo argumento de que não há tempo para levantar os recursos até quarta-feira –data da entrega da prestação de contas ao TRE.
Nos dois processos, a Via Engenharia é acusada de receber o dinheiro sem terminar as obras de reforma no Ministério da Marinha, na SAF (Secretaria da Administração Federal) e na Procuradoria Geral da República.
A investigação da CPI do Orçamento também acusou a empresa de ter abandonado obras no município de Betim (MG) e de ter feito negócios suspeitos com o deputado José Geraldo Ribeiro, um dos cassados pela Câmara.
A empresa se defendeu da acusação da CPI dizendo que as obras de Betim foram abandonadas, a mando da própria prefeitura, por causa das chuvas. Pelos processos movidos pela Marinha e SAF e pela Procuradoria, a empresa pode ter que devolver aos cofres públicos US$ 250 mil.
Apesar das doações das duas empreiteiras, a Frente Brasília Popular, que elegeu Cristovam, ainda tem uma dívida de R$ 80 mil para saldar, segundo o tesoureiro Amauri Barros.
Barros e o coordenador-geral da campanha de Cristovam, Hélio Doyle, afirmam que as duas empreiteiras receberam os bônus correspondentes às doações.
Outro lado
A Folha telefonou ontem para a residência do empresário José Gontijo, dono da empreiteira Via Engenharia, duas vezes, às 14h30 e às 18h. Nas duas ligações, a família informou que o empresário tinha saído para almoçar e ligaria quando tivesse voltado, o que não havia ocorrido até as 18h10.

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