São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994 |
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Regras da CBF põem o torcedor à prova
MARCELO FROMER; NANDO REIS
Esse estapafúrdio campeonato teve, na semana que terminou, uma enxurrada de resultados surpreendentes –fazendo da própria surpresa uma característica normativa, que guarda em si algumas explicações. Vamos analisar os resultados oscilantes de Palmeiras e Corinthians. O torcedor mais atento imediatamente vai apontar que a irregularidade de suas campanhas no segundo turno é fruto da alteração de escalações proporcionadas por seus técnicos, visando testes e opções. Cabíveis, por sinal, já que, neste caso, os dois times haviam conquistado a sua classificação por vencerem o primeiro turno, fazendo essa fase meramente de treinamentos e experiências. Imediatamente poderíamos ver nisso um problema para os torcedores mais impacientes, aqueles que não suportam nem a notícia de uma derrota de seu time titular num mero coletivo. Esse torcedor, chamemos de "torcedor restrito": não se interessa em saber que algumas derrotas não têm a menor valia, pois não são capazes de ver estrategicamente, mas apenas raciocinam restritamente. Então, chegamos ao ponto crucial deste artigo. Um campeonato esdrúxulo como esse tem como característica anômala essa ausência de escalações fixas. No meio da semana, os times já classificados jogam com seus "expressinhos" –versão não explícita do time reserva, para evitar o desgaste de seus titulares, fazendo uma espécie de rodízio promíscuo visando chegar ao fim deste retorcido torneio. Mas a qual time o torcedor irá aclamar no final? Qual das muitas escalações tentadas pelos treinadores ficará na ponta da língua dos torcedores confusos com a quantidade de jogos e de jogadores? Longe vai a época em que poderíamos recitar de cor e salteado a escalação de um time campeão. É tal a quantidade de jogos inúteis que o time que quiser ser campeão tem que ter no plantel o elenco de três times. Ou então fazer como Juninho, segundo Edmundo um "meio-homem", que teve que se transformar em dois em uma noite só. Quem foi o gênio que inventou o formato e as regras do Campeonato Brasileiro de 94? Resposta: "Foi um cidadão brasileiro chamado Ricardo Einstein, que por ter sobrenome famoso achou que era capaz de criar uma bomba atômica. Então decidiu fazê-la. Criou uma menos famosa que a de Hiroshima, mas não menos bomba. E a CBF, como não poderia deixar de ser, comprou o projeto, fabricou e detonou no Brasileiro de 94." (Marcelo Crepaldi Leitão, de Osvaldo Cruz, SP) Cartas devem ser enviadas à Folha, Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, Campos Elíseos, CEP 01290-900, São Paulo, SP. Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos da banda Titãs Texto Anterior: Botafogo vence e pega o Grêmio amanhã Próximo Texto: Portuguesa bate Paraná com gols de Caio e Simão Índice |
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