São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 1994 |
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'Estatuto deve ser modificado'
DA REPORTAGEM LOCAL O indigenista Orlando Villas-Boas defende mudança no Estatuto do Índio para que índios "destribalizados" passem a responder perante as leis do país. Hoje o índio só responde à Constituição se solicitar sua emancipação."O Estatuto deveria prever a emancipação do índio. Ele tem avião, fazendas. Não solicita a emancipação porque não é burro, ia ter de prestar contas à polícia e pagar impostos", diz. Já para João Pacheco de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Antropologia, o conceito de índio "destribalizado" ou "aculturado" é perigoso. "O índio sempre pode voltar à sua área, reaver a sua cultura", diz Pacheco. Pacheco lembra que o caso de Paulinho Paiakan e sua mulher é uma exceção na relação de índios e brancos. "Na grande maioria dos casos, os crimes são dos brancos contra os índios. Milhares de índios foram violentados, estuprados, e ninguém foi responsabilizado." A absolvição de Paiakan surpreendeu o advogado Luiz Flávio D'Urso, 34. Ele evitou criticar a sentença, mas disse que, em acusações de estupro, muitas vezes não é necessária a existência de provas materiais para a condenação do suspeito. "A condenação acontece pelo conjunto de provas circunstanciais. No caso de Paiakan, havia a palavra da vítima e, inicialmente, a confissão dele." Além disso, segundo D'Urso, o laudo comprovou a violência sexual contra Sílvia Letícia Ferreira. O advogado Ives Gandra Martins disse que –embora não possa criticar a sentença por não ter lido os autos–, pelo que viu nos jornais, a absolvição também causou surpresa. "Na prática, houve co-autoria, porque ele poderia ter impedido o ato de sua mulher." Texto Anterior: Pai de estudante chama índio de monstro Próximo Texto: Mulher de executivo assassinado há uma semana presta depoimento Índice |
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