São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Sai Martina, entra Martina

THALES DE MENEZES

Sai Martina, entra Martina
Amanhã, Florença vai assistir uma partida de tênis peculiar. Martina contra Martina. Duas jogadoras com o mesmo nome. Entre elas, a rede e um imenso abismo de gerações.
Uma é Martina Navratilova, 38 anos, aquela lenda viva do tênis que não sai dos noticiários nas últimas semanas. Afinal, não é todo dia que a melhor atleta da história de um esporte se despede, ainda em boa forma.
A outra é Martina Hingis, 14 anos, que fez há um mês sua estréia no circuito profissional. Aos 12 anos, ela já ganhava os maiores torneios juvenis do mundo, não se intimidando diante de rivais grandalhonas de 17,18 anos.
Essa partida de exibição na Itália parece um rito de passagem no tênis feminino, tantos são os laços que unem as duas jogadoras.
Ambas nasceram nos arredores de Praga, na atual República Tcheca, e atualmente são cidadãs sob outras bandeiras - Navratilova é norte-americana, Hingis, suíça.
A mamãe Hingis, ex-tenista, batizou sua pimpolha para homenagear a grande Navratilova. Nem a mãe mais sonhadora poderia imaginar que a filha iria participar de um dos últimos jogos da carreira de sua heroína.
Graciosa, bonita como uma boneca de porcelana, Martininha não quer comparações. "Martina Navratilova é única, ninguém pode ser comparada a ela. Seu jeito de ser e seus triunfos na quadra são admiráveis", diz a novata.
Hingis estréia no profissionalismo numa época em que se questiona muito os prejuízos que a precocidade do esporte está causando às jovens tenistas. A garota suíça se diz cansada de responder a perguntas sobre Jennifer Capriati, a "menina-prodígio"dos EUA que se envolveu com furtos e consumo de dorgas. Para ela, Arantxa Sanchez e Steffi Graf, que também começaram cedo, "são os verdadeiros exemplos a seguir".
No ano que vem, Hingis vai disputar nove torneios, que é o número máximo que a Federação Internacional de Tênis permite a atletas tão jovens. Entre os torneios de seu calendário vão figurar os quatro do Grand Slam e a disputa da Federation Cup, a versão feminina da Copa Davis.
Esperar que Martininha reedite os feitos de Navratilova é uma crueldade com a garota. Que ela está no caminho das "top ten", isso lá é verdade. Mas é preciso esperar um pouco para saber se o jogo de amanhã é mesmo uma transferência de cetro e coroa.

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