São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Quando fazer a festa

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – Pode ser mera retórica. Pode até ser insincera. Mas vale a pena registrar a avaliação de Pimenta da Veiga, presidente nacional do PSDB, até para cobranças futuras.
"Não há ainda nada o que comemorar. Só devemos comemorar ao final desses mandatos", disse o comandante tucano à Folha.
Está, é óbvio, referindo-se ao colar de vitórias obtidas por seu partido nas eleições de outubro/novembro, entre elas a Presidência da República e os governos dos três maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas e Rio).
Não é usual, no universo político, que se faça esse tipo de avaliação. Normalmente, toma-se a vitória eleitoral como um fim em si mesmo. Ganhou-se, comemora-se. Por isso, ainda que como mera retórica, não deixa de ser significativo que um presidente de partido prefira olhar o triunfo como um desafio e não como motivo de festa.
Do ponto de vista político, exclusivamente, convém também acompanhar o desenho de PSDB que está na cabeça de Pimenta.
O presidente do partido acha que o PSDB deve ficar mais ou menos como está, sem o que chama de "crescimento artificial". Até aí, não chega a ser uma novidade.
O importante é o rumo para o crescimento do partido desejado por seu presidente: nos sindicatos e na juventude. Confesso que tenho sérias dúvidas de que o PSDB consiga conquistá-los, mas, do ponto de vista teórico, a proposição é corretíssima.
Não há partido de fato social-democrata sem uma base sindical. E o PSDB de hoje, nessa matéria, é quase virgem.
Mas há também um componente bastante pragmático no desenho partidário definido por Pimenta. Ao recusar-se a abrir o PSDB para adesões indiscriminadas, seu presidente avisa: "O PSDB não tem o monopólio do apoio ao governo. Por quê trazer as pessoas e não o partido inteiro (para apoiar o governo)?".
Suspeito que se corre o risco, nessa hipótese, de desfigurar não um determinado partido, mas o governo inteiro. A conferir.

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