São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
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Na prática, Malan já tem poder de ministro

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O futuro ministro da Fazenda, Pedro Malan, 51, já exerce na prática a maior parte das funções desse cargo desde a queda do ex-ministro Rubens Ricupero.
A influência de Malan se dá através do CMN (Conselho Monetário Nacional), do qual é secretário-executivo devido à condição de presidente do Banco Central. No CMN são tomadas as principais decisões econômicas do governo.
Segundo participantes das reuniões do CMN, as propostas defendidas por Malan são aceitas sem discussão pelos dois outros membros do conselho, os ministros Ciro Gomes (Fazenda) e Beni Veras (Planejamento), leigos em economia.
Há, inclusive, casos curiosos. Enquanto fazia palestra para exportadores, no mês passado, Ciro recebeu bilhete de Malan solicitando sua assinatura para um voto do CMN. O ministro assinou sem ao menos interromper seu discurso.
A história é contada pelo próprio Ciro. O voto determinava a indisponibilidade dos bens de um administrador de instituição financeira.
Malan atua no CMN como o representante da equipe econômica formada pelo presidente eleito Fernando Henrique Cardoso. É ele quem anuncia e defende as propostas técnicas.
Na reunião de anteontem, Ciro já havia abandonado o "senhor" do mês passado e tratava Malan de "você".
Durante a reunião, Malan e Ciro trocaram piadas sobre a complexidade da fórmula de cálculo da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Malan rabiscava cálculos absurdos no papel, fazendo Ciro rir. A fórmula foi aprovada.
O ex-ministro Rubens Ricupero era contrário à adoção de medidas anticonsumo, queria estímulos à caderneta de poupança e uma redução mais acelerada dos juros. Chegou a se desgastar com a equipe na defesa de seus pontos de vista.
Quando o escândalo das parabólicas derrubou Ricupero, Malan articulou do Rio de Janeiro o comportamento da equipe econômica. Instruiu seus colegas a evitar declarações e aguardar a escolha política do novo ministro.
Desde então, Malan passou a ser o nome preferido da equipe para o Ministério da Fazenda, ratificando a preferência de FHC.

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