São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
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Chacina do Ó

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi uma madrugada violenta, segundo o Jornal Bandeirantes. Uma madrugada sangrenta, uma verdadeira barbárie, segundo o Rede Cidade. Uma grande chacina, segundo o Aqui Agora.
Mais uma, na Grande São Paulo. Antes, estavam fora da capital, concentradas todas em Francisco Morato. Agora é na Freguesia do Ó.
Como antes, foram execuções, com tiros "na cabeça". De acordo com a Bandeirantes, foi "como se quisessem ter certeza da morte".
Na cobertura da televisão, porém, nada de falar em justiceiros, muito menos em esquadrão da morte. Entrevistado no Rede Cidade, o delegado da região foi logo dizendo, "provavelmente, um acerto de contas entre traficantes".
No Aqui Agora, Gil Gomes, entusiasta da polícia, seguiu na defesa. "Era uma rixa, uma disputa antiga."
Mais: "Este morro é um dos poucos de São Paulo que se assemelham aos morros do Rio. Aqui, quem manda são os traficantes." Quer dizer, nada de polícia na chacina. Como no Rio. No começo.
Luta
No texto do Jornal da Record, "os parlamentares criaram uma comissão no Congresso para reverter a cassação do mandato do presidente do Senado, Humberto Lucena".
No texto mais direto, do Jornal Bandeirantes, "o Congresso luta para manter o mandato de Humberto Lucena".
Para uma "luta" de tamanho interesse cívico, uma comissão à altura, com todo mundo do Congresso, cinco senadores, entre eles Esperidião Amin, e mais cinco deputados federais, entre eles Michel Temer e Roberto Magalhães.
Eles todos "reagiram enfurecidos", no dizer do TJ Brasil, à decisão do Supremo. Até Luís Eduardo Magalhães, o filho de ACM, apareceu para dar apoio, dizendo que a pena devia ser menor. A restituição do dinheiro, por exemplo.
Explica-se uma tal unidade na "luta", no sempre dividido Congresso: seria o temor do "efeito dominó", com outras cassações que seguiriam o exemplo do episódio Humberto Lucena, atingindo os demais partidos.
Apesar de toda a confusão armada pelos parlamentares, o caso seria bem "simples", ao menos no entender do âncora Boris Casoy:
– Tem que pegar todo o mundo e cassar.

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