São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
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Polícia liberta seis reféns em Quintino

Família estava em poder de traficantes

LUÍS EDUARDO LEAL
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Policiais civis libertaram na tarde de ontem uma família que estava sendo mantida em cativeiro por traficantes do morro da Caixa D'Água, em Quintino (zona norte do Rio).
O comerciário José Augusto Marinho, 37, a mulher Maria de Fátima, 36, e os filhos R., 15, E., 13, E., 7, e A., 5, foram tomados como reféns na noite de anteontem pelos traficantes conhecidos como Trajano e Ratão, na casa da família no morro da Caixa D'Água.
Os traficantes acusaram o comerciário de ter fornecido informações à polícia que levaram à apreensão de dois fuzis na terça-feira passada.
Há duas semanas, diz Marinho, os mesmos traficantes ordenaram a morte de seu filho mais velho, Expedito, 17, que, segundo vizinhos, teria ligações com o tráfico de drogas.
Segundo o comerciário, Trajano e Ratão estimaram o prejuízo em R$ 20 mil e o obrigaram a conseguir o dinheiro até as 14h de ontem para reposição das armas. Os traficantes, segundo Marinho, ameaçavam matar a família caso ele não conseguisse o dinheiro.
O comerciário foi mantido amarrado sob a mira de armas entre as 20h de quarta-feira e a manhã de ontem. Às 11h, os traficantes deram permissão para que ele saísse. "Como não tinha como arrumar R$ 20 mil, fui à delegacia."
Cerca de 30 policiais de três delegacias da zona norte invadiram a favela no início da tarde de ontem. Quando chegaram à casa, os traficantes haviam fugido. A polícia fez incursões pela favela, mas não encontrou os traficantes. Achou apenas material para embalar cocaína.
O comerciário disse que um dos cinco homens que o mantiveram como refém era um vizinho, Ricardo Ávila, 19, que presta serviço militar obrigatório no Exército. "Ele apareceu em casa com um revólver 38."
Os policiais invadiram a casa do soldado e apreenderam seu uniforme e álbuns de fotografia em que estariam supostos traficantes. O aposentado Pedro Ávila, 46, pai do soldado, disse não acreditar no envolvimento do filho com o tráfico.
Marinho e a família deixaram o morro sob escolta. Ele pretendia sair do Rio ontem.

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