São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Vicent Ward promove caso de amor entre esquimó e cigana
HAMILTON ROSA JUNIOR
Agora, em seu terceiro trabalho, Ward propõe um filme romântico, um caso de amor inusitado, em que aproxima as artérias do corpo humano às linhas tortuosas da Terra. Jason Scott Lee, visto recentemente em "Rapa Nui", faz Avik, um esquimó que chega ao topo do céu quando viaja num bimotor a convite de um explorador. Depois disso, ele nunca mais é aceito pelo povo de sua aldeia. Condenado a não mais encontrar um porto seguro, esse Ícaro do Ártico se apaixona por outra expatriada, a cigana Albertine (Anne Parillaud, de "Nikita"), num hospital de tuberculosos. Sem compreender as razões que atraem o casal, a enfermeira-chefe (Jeanne Moreau) trama a separação e ao acaso acaba definindo o destino dos dois. Castigo dos deuses? Para Avik, talvez. Mas o mundo é tão pequeno para o nativo quanto a única lembrança que ele conserva de Albertine: a radiografia de seu coração. Voando num bombardeio durante a Segunda Guerra, ele vai procurar a mulher. A história deste romance de desgarrados é de autoria do próprio Ward. Na busca de Albertine, seu herói revela um desânimo que só é menor que o pessimismo do diretor. Mesmo no reencontro de Avik com a amada, os planos enfatizam a distância dos corpos. Para Ward, a pureza é algo morto na sociedade. Por isso seus amantes só se encontram longe do olhar de todos, dentro de um balão. A concepção visual é o ponto mais particular do cinema de Vicent Ward. Filme: O Mapa do Coração Humano Direção: Vicent Ward Elenco: Jason Scott Lee, Patrick Bergin, Anne Parillaud, John Cusack, Jeanne Moreau Onde: Belas Artes/sala Cândido Portinari Texto Anterior: Fascínio da perversão move "Exótica" Próximo Texto: "Inferno Branco" é novelão com programa social contra drogas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |