São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Velho e Novo Mundo se contrapõem

FERNANDO DE BARROS E SILVA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Poucas vezes foi tão nítida a distância que separa o Novo Mundo do Velho Continente. O seminário "O Brasil e as Tendências Econômicas e Políticas Contemporâneas", realizado no Itamaraty, colocou em conflito evidente a euforia dos intelectuais latino-americanos e o pessimismo dos participantes de origem européia.
Em que pese a simplificação embutida na clivagem otimismo/pessimismo, ela se manifestou de forma clara no debate de encerramento do seminário, que teve como tema "Os Novos Parâmetros do Pensamento Político".
O sociólogo francês Alain Touraine abriu sua palestra fazendo uma espécie de tábula rasa das categorias que até pouco tempo eram usadas para explicar o funcionamento do mundo.
"Estamos vendo desaparecer aquilo que conhecíamos por sociedade", disse. "Hoje não somos mais capazes de compreender o significado das atividades econômicas e a natureza das identidades culturais", completou.
Seu discurso encontrou eco nas palavras do sociólogo espanhol Manuel Castells. Na esteira de Touraine, ele disse que "parece não haver mais atores no mundo contemporâneo".
Por isso, explicou, "faltam mecanismos para se constituir as pontes entre Estado e sociedade civil num mundo em que os fluxos passaram a ser mais determinantes que as identidades".
Novo ciclo
A distância entre o que disseram os dois primeiros e, por outro lado, o presidente do Partido Democrata Cristão do Chile, Alejandro Foxley, e o cientista político Francisco Weffort, filiado ao PT, não poderia ser mais reveladora das diferentes expectativas diante do mundo contemporâneo.
Weffort disse que a eleição de FHC marca um novo ciclo histórico para o país, como aquele representado pela Revolução de 1930.
"Temos hoje um enorme progresso no sistema de representação política do país e uma capacidade de atuação previsível que há alguns meses seria impossível imaginar", disse.

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