São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Novo governo avalia central de inteligência

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

A criação de uma central de inteligência e informações é uma das fórmulas encontradas pelo futuro secretário de Segurança do Rio, general Euclimar Lima da Silva, para diminuir o poder dos delegados de polícia do Estado.
Inspirada nos serviços de inteligência criados pelas Forças Armadas durante o regime militar, a central tem, entre outros objetivos, impedir que policiais civis concentrem informações.
Outro objetivo está relacionado com o combate direto ao crime organizado: a falta de informações sobre o tráfico está sendo um dos principais obstáculos da Operação Rio.
O ministro do Exército, Zenildo de Lucena, chegou a afirmar que o principal papel do Exército em uma segunda fase da operação seria o de assessorar a criação desta central de informações.
Na avaliação dos responsáveis pela equipe de Segurança do governador eleito, Marcello Alencar (PSDB), a concentração de informações dificulta investigações e favorece a corrupção entre os policiais.
Com a central, os delegados seriam, pelo menos em tese, obrigados a repassar informações relevantes para um órgão superior, ligado ao gabinete do secretário de Segurança.
Esta democratização de dados dificultaria, por exemplo, a ação de um delegado interessado mais em chantagear um criminoso do que em prendê-lo.
Controle
Controlar a Polícia Civil é, para a equipe de Alencar, um dos maiores desafios a serem enfrentados pelo futuro governo.
Isto porque, ao contrário dos integrantes da Polícia Militar, os policiais civis não estão submetidos a uma estrutura hierárquica rígida que permita um controle maior de suas atividades.
Na avaliação do Exército e da equipe do futuro governo, o índice de corrupção na Polícia Civil é bem maior do que o verificado na Polícia Militar.
Outra decisão da equipe de segurança de Marcello Alencar é estimular a renovação dos delegados da Polícia Civil.
Esta providência foi facilitada pelo afastamento, no mês passado, de 26 delegados, acusados de enriquecimento ilícito e de envolvimento com um suposto esquema de propinas patrocinado por bicheiros.

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