São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Presidente da Bósnia acusa os países do Ocidente pela guerra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Bósnia, Alija Izetbegovic, criticou pesadamente ontem os países ocidentais pelo conflito na ex-Iugoslávia."O que ocorre na Bósnia é a debilidade do Ocidente. Nada mais do que isso."
Izetbegovic discursou ontem em Budapeste na reunião da CSCE (Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa), na qual pediu uma ação mais forte da Otan contra os sérvios. "O resultado de tanta incapacidade, hesitação e má vontade será a ONU desacreditada, a Otan arruinada e os europeus desmoralizados."
" As relações entre Ocidente e o mundo muçulmano nunca mais serão as mesmas", advertiu o presidente. Disse ainda que a Rússia "está do lado dos agressores".
As críticas pegam a ONU e a Otan em um momento particularmente difícil. Elas não estão conseguindo uma solução para o conflito, enquanto os sérvios continuam a atacar os muçulmanos. Os sérvios bombardearam pesadamente ontem Bihac (noroeste da Bósnia).
A questão da Bósnia foi um dos pontos mais discutidos em Budapeste. O presidente dos EUA, Bill Clinton, pediu ontem que os sérvios abandonem a agressão e voltem à mesa de negociação. O presidente da Croácia pediu uma "solução urgente" para a guerra e atacou os sérvios.
A ONU voltou a acusar os sérvios ontem, dizendo estarem usando "comida como armas" por impedirem a chegada de ajuda humanitária. A falta de comida está causando brigas entre os próprios muçulmanos.
O secretário-geral da organização, Boutros Boutros-Ghali, se opôs a ataques aéreos contra os sérvios e à utilização da força de paz da ONU em missões militares.
A Bósnia é motivo de polêmica nos EUA. Os futuros líderes republicanos no Parlamento acham que os EUA devem bombardear os sérvios para forçá-los a negociar. O secretário de Estado, Warren Christopher, disse que "isto seria uma estratégia de guerra, e a administração Clinton busca uma estratégia de paz".
Um grupo de sérvios da Bósnia, entre eles o "ministro" das Relações Exteriores, disse que aceitariam reconsiderar o plano de paz proposto pelo Grupo de Contato (EUA, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha).

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