São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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'Sacoleiros' enriquecem Paraguai

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

O grande movimento de contrabando para o Brasil tornou Ciudad del Este, no Paraguai, divisa com Foz do Iguaçu (PR), o terceiro maior centro mundial de comércio.
A estimativa é da revista econômica norte-americana "Forbes", que prevê US$ 16 bilhões de movimento comercial em 94 na cidade paraguaia.
Segundo a revista, o comércio em Ciudad del Este, que em 93 foi de US$ 12 bilhões, só fica atrás de Miami (EUA) e Hong Kong. Os dados são confirmados pelo vice-cônsul do Paraguai em Foz do Iguaçu, Carlos Antonio Avalos Flores.
Desempregados e subempregados brasileiros são os que movimentam a mais importante cidade econômica do Paraguai.
São os sacoleiros ou compristas (como são chamados no Paraguai), que fazem até duas viagens por mês de suas cidades de origem para Ciudad del Este, transformando a cidade em um verdadeiro mercado persa.
A fiscalização da receita na fronteira é insuficiente para o volume de mercadorias.
Valério Ribeiro, 36, de São Gonçalo (RJ), há cinco anos fazendo duas viagens mensais para Ciudad del Este, fatura entre R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil por mês com suas viagens.
Ele foi "escolhido" apenas uma vez para amostragem pela receita de Foz do Iguaçu. Perdeu R$ 1,8 mil em mercadorias.
"Gelson", de Nova Iguaçu (RJ), prefere não dizer seu nome completo. Ele diz que está na lista da Receita Federal. "Qualquer vacilo é fatal", afirma.
A lista da receita é um documento que os sacoleiros assinam quando são fiscalizados na ponte da Amizade, na fronteira.
Quem entra na lista se compromete a esperar 90 dias para voltar à fronteira e levar a cota de US$ 250 da entrada legal no país.
Nos dias de pico de movimento na ponte, às quartas e sábados, mais de 50 mil brasileiros cruzam a fronteira –contra uma média de 20 mil nos dias considerados normais–, apostando na possibilidade de escapar da fiscalização.

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