São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Não precisava

O final da administração Fleury deixa a desagradável impressão de que o governo do Estado de São Paulo será recebido pelo sucessor depois de esgotados todos os recursos que ainda puderam ser úteis ao atual governador.
Depois da mal explicada iniciativa que prevê a venda de ações da Eletropaulo em um montante estimado em US$ 2 bilhões às vésperas da troca de mandatário, após o envio de projetos à Assembléia –alguns em regime de urgência– concedendo aumentos salariais de até 100% para os funcionários públicos, o governador agora começa a inaugurar obras inacabadas.
A construção do parque Villa-Lobos, na capital, iniciada há mais de cinco anos e parada há mais de dois, consumiu US$ 50 milhões dos cofres estaduais. A inauguração desse parque está prevista para hoje, mas ele está tão longe de concluído que, depois da cerimônia com a possível presença do governador, será aberto ao público apenas em períodos bastante restritos.
O governo que termina no Réveillon inaugurará, na antevéspera do Natal, as obras também inconclusas da rodovia Carvalho Pinto. Um trecho de 1,8 km substituirá provisoriamente quatro túneis cuja construção ainda prossegue. Os motoristas poderão trafegar na direção São Paulo-Rio de Janeiro nos dias úteis e voltar em sentido contrário nos finais de semana.
Não resta dúvida de que essas cerimônias têm um efeito simbólico. Mas talvez não seja o que esperavam os atuais governantes. Uma administração condenada pela Justiça –embora passível de recurso– no escândalo das 18 mil contratações sem concurso do Baneser, que deixa dúvidas quanto à utilização dos recursos de ações que pretende vender à última hora e que dá aumentos para o futuro mandatário pagar, não precisava chamar a atenção para obras inacabadas.

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