São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Princípios

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Semana passada, quando saiu a decisão do PMDB de apoiar o governo Fernando Henrique, o ainda governador Fleury disse na televisão, com um sorriso nos lábios, que as coisas só dependiam então do respeito aos "princípios" do partido.
Ontem, esclareceram-se os tais princípios.
Segundo a CBN, "o presidente do PMDB, Luiz Henrique, indicou o governador Luiz Antonio Fleury Filho para ministro do governo Fernando Henrique". Mais para a frente, "em troca, Fernando Henrique ganha o apoio da bancada do PMDB no Congresso".
A aposentadoria, as férias, o pacote Fleury, agora isso. Não dava para esperar outra coisa, nos últimos dias do governador que vai para a história por conta do Carandiru.
Às avessas
– Supremo condena PC e a secretária.
Nas manchetes todas, a leve condenação de PC, sempre ele, o bode, ajudou a atenuar a reação, mas não muito. Seguiram ontem as declarações contra o Supremo, por conta da mensagem lançada com a liberação de Collor. Como nas respostas, na rua, à pergunta da Bandeirantes sobre a absolvição:
– Collor é um grande, só por isso. Se ele fosse um pequeno...
– Os grandes são todos liberados.
– Muita gente vai pensar que vale a pena virar ladrão.
– Isso é o Brasil. Não tem jeito.
Por outro lado, na televisão e no rádio, advogados e professores de direito saíam em defesa do Supremo, alguns recorrendo ao procurador da República, como alvo alternativo. E ajudaram assim a conter os comentários, com poucas exceções. Uma delas, a reação de Heródoto Barbeiro, na Cultura:
– Parece que nós estamos vivendo aqui a Operação Mãos Limpas às avessas, a Operação Mãos Sujas.
Outra, de Boris Casoy:
– No fim, o criminoso vai ser o mordomo.
Ou a secretária. Alguém pequeno.
Com ironia
Francisco Pinheiro, da Bandeirantes, ao mostrar a insistente cobertura da CNN para a absolvição de Collor, registrou que o caso foi tratado "com ironia". Que o país foi tratado como piada.
Isso é Brasil, como disseram. Não tem jeito.

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