São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Tragédia da cantora foi chegar tarde demais
LUÍS ANTÔNIO GIRON
A cantora assumiu como ninguém a etiqueta "velha guarda". Nos anos 60, apresentou programas de TV que reuniam a turma da chamada "época de ouro" da música brasileira (cujo auge se deu nos anos 30). Elizeth foi filha temporã do gênero e sua última grande representante. Defendeu os valores tradicionais com unhas e goela. Sustentava a retórica do estilo antigo contra o bossa nova. Logo ela, que lançou o samba "Chega de Saudade" em 1958, pouco antes de João Gilberto gravar sua versão, que veio a desencadear a bossa nova. Juntava todos os requisitos para dar conta do repertório de primeira linha. Mas, quando finalmente começou a gravar, uma nova geração já estava nos postos avançados, criando interpretações com outro gosto. Era o primeiro núcleo de músicos que viria a fornecer as bases da bossa nova. Elizeth trilhou o sucesso em um modelo antiquado de interpretação. Seu sofrimento foi também estérico. Padeceu da decadência a fórceps da moda. Cabral narra saborosamente os embates da vida e dos gostos enfrentados por Elizeth. O leitor é transportado para um mundo que o autor põe de pé como se fosse ainda presente. A personagem se ergue dramática e real. O livro demonstra que a tragédia de Elizeth foi ter chegado tarde demais. (LAG) Texto Anterior: Biografia mostra Elizeth 'underground' Próximo Texto: Hebe conta sua história em fotobiografia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |