São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994
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CNBB condena anistia a Lucena

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Luciano Mendes de Almeida, criticou ontem o projeto de lei que concede anistia ao presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB).
"A anistia deseduca o povo e prejudica a nação", disse d. Luciano, no final da reunião da CNBB para organizar a assembléia em Itaici (SP) e avaliar a conjuntura nacional.
D. Luciano não quis comentar a absolvição do ex-presidente Fernando Collor, acusado de crime de corrupção passiva, pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Mas deixou um recado: "Não me compete discutir a decisão jurídica. Sobre o aspecto ético, o povo já se pronunciou".
Votação da anistia
Os líderes do PMDB, PFL, PTB e PP na Câmara vão tentar colocar em votação na próxima semana a anistia para Lucena.
O senador teve a candidatura cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral por imprimir 130 mil calendários na gráfica do Senado.
Não há consenso entre os partidos em relação ao texto. O PMDB é contra a inclusão do ressarcimento aos cofres públicos do valor do custo da impressão na gráfica do Senado, considerada irregular.
A proposta é defendida pelo PPR e PSDB, que discordam do projeto aprovado pelo Senado, mas admitem votar pela anistia se a Câmara alterar o texto.
Uma mudança já definida é a restrição da anistia aos acusados de usar irregularmente a gráfica do Senado. O texto do Senado possibilita anistia aos envolvidos em outros crimes eleitorais.
O líder do PFL, Luís Eduardo Magalhães (BA), defende a obrigatoriedade do ressarcimento, mas acha que a punição não precisa ser necessariamente incluída no texto do projeto de anistia.
A devolução poderia ser determinada por outro instrumento legal, como um projeto de resolução do Congresso.
O líder do PMDB, Tarcísio Delgado (MG), concorda. "Incluir o ressarcimento no projeto de anistia é um absurdo. Não se pode fazer anistia com punição", afirmou.
Lucena foi diplomado ontem pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. O senador, que permaneceu em Brasília, foi representado por seu irmão Haroldo Lucena.
Colaborou a Agência Folha

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