São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994 |
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Vírus pode ter contaminado 700 mil no país
GILBERTO DIMENSTEIN
O sintoma é a paralisia gradativa do corpo, acompanhada de dor aguda. Ao contrário da Aids, os efeitos do HTLV-1 podem ser estancados. O nome da doença é paraparesia espática tropical. A direção do Sarah Kubitschek, especializado em problemas de locomoção, diz suspeitar da existência de uma endemia. "Tudo leva a crer que estamos num processo de endemia", sustenta o patologista Bruce Mendes Campos, responsável pela análise do sangue. De 205 pacientes com suspeitas da doença, 47 revelaram-se positivas neste ano. "Estamos assustados", afirmou o diretor do hospital, Aloysio Campos da Paz, professor visitante das universidades de Oxford (Inglaterra), Stanford, Harvard e Nova York (EUA). "Ainda não sabemos o tamanho exato da contaminação, só sabemos que é alto", acrescentou Campos da Paz. Ele está em contato com os principais centros de pesquisa no mundo, repassando as informações encontradas no hospital sobre o vírus HTLV-1. O Sarah Kubitschek serve como alarme por ser procurado por pessoas com problema locomotor. A rede, como centro de referência, presta-se à pesquisa e, assim, repassa informação à comunidade médica e à população em geral. O vírus ataca o sistema nervoso central e, assim, atinge a capacidade de movimento dos indivíduos. Os índices de contaminação do Sarah –de cada mil doadores, três contaminados– se repetem no Hemocentro de Brasília. O hospital Sarah Kubitschek designou o neurofisiologista Paulo Maurício Fontes Boa para levantar no maior número possível de bancos de sangue do país os registros do vírus. Suspeita-se, entretanto, que a maioria dos bancos de sangue não faça o teste para esse vírus. Segundo Fontes Boa, congressos de medicina têm registrado o vírus em várias cidades brasileiras, mas de forma esporádica. Desde 86, há registros nos Estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. A prevenção contra o vírus é a mesma destinada à Aids, já que é transmitido pelo sangue. Segundo Aloysio Campos da Paz, diretor do Sarah Kubitschek, pode estar repetindo o que aconteceu, no início, com a Aids. Para ele, existe o risco de muitas vítimas estarem sendo tratadas, por exemplo, como se tivessem esclerose múltipla, porque os sintomas das doenças são parecidos. Texto Anterior: O Q.I. dos negros Próximo Texto: Incidência é maior no Norte e no Nordeste Índice |
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