São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994
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Incidência é maior no Norte e no Nordeste

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamentos feitos em bancos de sangue da maioria das capitais revelam que a média de três infectados pelo HTLV-1 em mil já vem sendo observada desde 1990.
"O problema é que a maioria dos serviços de hematologia não fazia teste para este vírus", diz Silvano Wendel, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
Marisete Medeiros da Costa Ferreira, do Hospital Emílio Ribas de São Paulo, pesquisadora do HTLV, diz que no Norte e no Nordeste a prevalência é ainda maior.
Dois estudos feitos em Salvador descobriram 11 portadores do vírus por mil doadores de sangue. No Mato Grosso do Sul, oito por mil. Em São Paulo, 1,2 por mil.
Segundo Wendel, os principais bancos de sangue de São Paulo vêm testando o HTLV-1 entre doadores desde 1990.
Uma portaria do Ministério da Saúde, de dezembro de 93, passou a obrigar a realização do teste em todos os serviços de hematologia do país. Este controle deve diminuir em muito a prevalência do vírus, diz Wendel.
Segundo ele, a diferença este o HTLV e o HIV –que são da mesma família de retrovírus– é que o primeiro se manifesta em apenas 2% a 4% dos portadores num período que pode chegar a 40 anos.
A grande maioria dos infectados morre sem saber que estava com o vírus. No entanto, uma vez manifestada a doença, ela é degenerativa e incontrolável, diz Wendel.
A transmissão do HTLV-1 se dá como o HIV, pelo sangue, em relações sexuais e pelo aleitamento. A transmissão da mãe para o filho ocorre em poucos casos.
Segundo Wendel, as mães portadoras que optam por ter filhos são orientadas a não amamentar por mais de quatro meses.
Não há vacina nem medicamentos que possam evitar a doença. Os médicos se limitam a orientar o portador a usar preservativo, não doar sangue e a fazer exames periódicos.

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