São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994
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Seleção, entre a conveniência e a aposta

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, pode-se dizer que Zagalo fez, por um lado, uma convocação de conveniência: em Roma como os romanos, ou melhor, e, em Porto Alegre, jogue-se com os gaúchos.
Como ficou mais difícil sustentar o Taffarel como arqueiro (a curiosa expressão vem dos ingleses), escale-se o Danrlei que joga por lá e é, como o romance, uma das grandes esperanças.
Bem mais do que conveniente, além disso, são os chamamentos para os gaúchos Branco e Dunga, com os direitos adquiridos pelo tetra. Portanto, a festa por lá terá churrasco e chimarrão.
(Lembro que o professor de literatura, músico e peladeiro emérito José Miguel Wisnik tem a tese de que os gaúchos foram fundamentais na conquista do tetra.)
A grande (na verdade, deveria ser pequena pelo seu porte) ausência é o Juninho, que é a locomotiva deste expressinho do São Paulo que ainda dará trabalho para muito time por aí.
(Os 6 a 1 da quarta-feira foram um prêmio merecido para a jovem guarda do São Paulo que pia por aí, criada com amor e carinho pelo talentoso Muricy).
Jorginho não esteve à altura na Copa e não se recuperou na Alemanha. Foi para o Japão. Como Cafú renunciou à posição, o posto está mais ou menos vago. Bruno, do Vasco, convocado, é uma promessa.
Mas, deixando de lado a homenagem a Jorginho, quem estava a merecer um teste na seleção era o Índio, do Santos.
Na lateral-esquerda, não há dúvida. Roberto Carlos é o sucessor inquestionável de Branco. Não tem, por enquanto, para nenhum outro.
No miolo de zaga, Aldair e Márcio Santos, que foram bem na Copa, encantam os italianos, em campanhas boas da Fiorentina, da terra do calcio, e da Roma. Ricardo Rocha é o Ricardo Rocha.
É oportuna a chance dada ao Cléber, do Palmeiras. Antonio Carlos também merece ser reavaliado em zaga de seleção nacional.
César Sampaio é candidato certo ao lugar do Dunga (ou do Mauro Silva, conforme a sua recuperação). A estrela do Zé Elias, desde que o Mário Sérgio abriu-lhe o céu, não pára de brilhar.
O Flávio Conceição é outro postulante atrevido ao posto. Uma aposta de Zagalo. Zinho, apesar das críticas ao esquema da seleção, é "imexível". Darci apareceu bem nas semifinais, dando um trabalho imenso para o Corinthians.
Souza é o nosso mais claro enigma.
Marcelinho tem a sua grande chance. Ronaldo é obrigatório. Viola, pelos 15 minutos da Copa, tem crédito a usar e abusar. Marques e Sávio são o futuro.
Comecei dizendo que a seleção era de conveniência. Não é não. É mais uma seleção de aposta. Está impregnada do sentido de renovação do futebol brasileiro.
Não ficaria nem um pouco espantado, por exemplo, se este time se apresentar de maneira mais ousada do que a seleção da Copa. A amostra grátis da molecada no Chile deixou-nos otimistas.
Vamos pagar para ver.

Até a final do Campeonato Brasileiro, Matinas Suzuki Jr. escreve todos os dias nesta coluna; a coluna de Alberto Helena Jr. está, diariamente, junto com o noticiário sobre Palmeiras e Corinthians

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