São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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Serra força FHC a dar destaque à área econômica

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A escolha de José Serra para o Planejamento quebra uma das reiteradas afirmações de campanha de Fernando Henrique Cardoso e, ao mesmo tempo, entreabre prematuramente a campanha presidencial de 1998.
FHC dizia que, ao contrário do habitual nos últimos governos, as pastas econômicas perderiam importância na sua gestão. Importantes passariam a ser Educação, Saúde, Agricultura, etc.
Com Serra em uma das pastas econômicas, essa afirmação se enfraquece. O futuro ministro tem um apetite pelo poder que faz com que os inimigos o descrevam como um "trator" e os amigos como um homem de "grande dedicação" ao trabalho.
Essa característica já começou a ser posta em prática, ao menos a julgar pelo vazamento de nomes para o segundo escalão.
Na prática, tende a repetir-se o que aconteceu em São Paulo no governo Franco Montoro (1983-1987), do qual Serra foi secretário de Planejamento, quando colocou homens de sua confiança em praticamente todas as secretarias.
O economista José Mendonça de Barros é apontado como futuro secretário de Política Econômica, subordinado não ao Planejamento mas à Fazenda. Além disso, Clóvis Carvalho, futuro chefe da Casa Civil, é também ligadíssimo a Serra. Na equipe de FHC, há duas visões opostas sobre a forma de ação de Serrra. "Vai criar atritos com Deus e o mundo", ouviu a Folha de um dos comandantes da campanha eleitoral de Fernando Henrique. Na visão otimista, Serra e a equipe da Fazenda atuarão com dois tipos de tarefas diferentes.
À Fazenda, caberá administrar o cotidiano da economia (moeda, câmbio, preços). O Planejamento tocará as reformas tributária e da Previdência e o redesenho das atribuições e receitas da União, Estados e municípios.

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