São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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Mercado aguarda desindexação em 95

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

A principal fonte de preocupação do mercado são as medidas de curto prazo a serem tomadas por Fernando Henrique Cardoso a partir de sua posse, em 1º de janeiro.
Pressente-se que o presidente eleito precisa atacar sem demora a indexação da economia, caso contrário as grandes reformas para cujo planejamento e execução o senador José Serra está sendo colocado no Ministério do Planejamento nem sairão do papel.
Os sinais de que o mercado já desconfia das metas de inflação descendente traçadas pelo governo começam a aparecer.
Na quinta-feira passada, apesar de o Banco Central ter derrubado os juros do over à vista relativos a dezembro, subiram as taxas projetadas para janeiro.
O juro efetivo estimado pelo over caiu de 4,07% do início do mês para 3,82% e, pelas indicações do mercado futuro da BM&F, há espaço para nova queda: a taxa deve fechar o mês em 3,70%. Frente à inflação de 2% esperada para dezembro, o ganho real deverá ficar em 1,67%.
A dúvida continua sendo janeiro. Os negócios a termo para o próximo dia 2 saltaram de 4,15% para 4,40% de quinta para sexta-feira.
Como janeiro tem o mesmo número de dias úteis que dezembro, 22, o juro efetivo sinalizado por esta taxa-over cai para 3,28%. Se a inflação se mantiver estável no mês que vem, o ganho real cairá para 1,25%.
O problema é que janeiro, apesar de aliviado das pressões de consumo deste final de ano, será palco da reposição de estoques. E a preços maiores, inflados pelo repasse de aumentos salariais, custos financeiros e reajustes de matérias-primas.
As empresas, representadas pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), já se movimentam para justificar os aumentos que certamente começarão a acontecer a partir de janeiro.
Se houver um repique inflacionário no primeiro mês de 95, não irá configurar uma clássica inflação de demanda, mas uma reincidência na espiral salários/preços.
Já há quem defenda para os primeiros dias do novo governo um corte radical na indexação, com extinção explícita da Ufir, TR e IPC-R, além de alongamento do prazo de resgate das aplicações financeiras.
As taxas dos papéis prefixados despencaram ao longo da semana, antecipando a inflação menor em dezembro.
Para formar a taxa de janeiro, o mercado se pauta na expectativa do DI futuro, que sinalizava taxa-efetiva de 3,19%, ou 0,14% por dia útil para aquele mês.
Um número muito modesto. Qualquer movimento da inflação para cima em janeiro, por mínimo que seja, vai comer o ganho real deste papel.
A melhor defesa para o seu dinheiro, frente as incertezas sobre a inflação de janeiro, são os ativos indexados ao CDI.

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