São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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O alvinegro precisa conversar com Deus

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, para o Corinthians, o jogo de hoje tem a ver mais com a fé em todos os santos, com magia de todas as cores, com os milagres, do que propriamente com o futebol.
Pode-se começar com a numerologia, por exemplo. O Corinthians precisa de três gols de diferença. Hoje é dia 18: 1 + 8 = 9, que é três vezes o três desejado.
Além disso, este é o mês de dezembro. Dezembro é 12, uma dúzia: 1 + 2 = 3, o número mágico. 18. 12. Hoje também é o último dia do terceiro (olhaí o três de novo!) decanato do signo de Sagitário.
Tri, triplo, trio, tripleta. Eis nos números, portanto, três razões para se acreditar no milagre corintiano.
Hoje é 18. No tarô, a décima oitava carta é a lua que representa, primeiramente, o mundo dos sonhos. O sonho é livre e não custa muito. É o que resta aos corintianos. Sonhar muito.
No tarô é a Lua. Lá no caderno Mais!, a Cláudia Hollander mostra que o regente do dia de hoje é o Sol. Se é Sol ou Lua eu não sei. Mas sol lembra gol e tem três letras. E lua também tem três letras.
O Livro dos Aniversários lembra que hoje é o dia dos projetos de mamute. Dos projetos gigantescos. A imagem do terceiro decanato de Sagitário é o titã.
O Corinthians precisa vencer um desafio do tamanho de um mamute com a fúria dos titãs. Que os símbolos o ajudem.
Por falar em titã, quem nasceu em 18 de dezembro foi o cineasta Steven Spielberg. Poderia criar uns efeitos especiais para o chute do Marcelinho conseguir passar pelo incrível Velloso.
Pela simbologia, o três é hoje perfeito para o Corinthians. Na vida real é diferente. Quem vestirá a camisa número três do Corinthians, por exemplo, é o Gralak. Nem a numerologia ajuda.

Poucas vezes eu vi um time jogar com tanta eficiência, precisão, objetividade e justeza quanto o Palmeiras da última quinta-feira à noite.
Contra-atacava com a rapidez e a exatidão de um contragolpe de time de basquete profissional norte-americano. Poucos e bem executados passes e lá estava a bola nos pés certos de um finalizador.
O Palmeiras só partia para o ataque na boa. Não desperdiçou dribles, toques de efeito; dispensou o barroquismo, a firula de estilo, o malabarismo decorativo.
No campo das artes, o Palmeiras foi da escola racionalista, funcional, essencializadora. O menos é mais. A mais perfeita tradução do futebol essência do divino Ademirável da Guia.
O Palmeiras foi preciso e infalível como Bruce Lee. Foi o guerreiro zen. Poucas vezes um time jogou com tanto senso de coletividade. Uma verdadeira academia. Uma academia de artes marciais.
Para não dizer que os astros de hoje são pró-Corinthians, o símbolo do terceiro decanato de Sagitário, segundo o Livros dos Aniversários, é o arqueiro.
O arqueiro da seta certeira –que é o símbolo do fino futebol deste alviverde, o time da década de 90.

Até a final do Brasileiro, Matinas Suzuki Jr. escreve nesta coluna; a coluna de Alberto Helena Jr. está na pág.

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