São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corinthians precisa ser quase um suicida hoje

TELÊ SANTANA

O Corinthians tem hoje uma missão muito difícil. Muito mais difícil do que a de quinta-feira. Para ganhar de três gols de diferença de uma equipe como o Palmeiras, é preciso jogar de uma maneira quase suicida.
É preciso primeiro tontear o adversário para, depois, tentar estabelecer uma grande vantagem de gols. Mas isso não é fácil porque o Palmeiras é uma equipe forte, que sabe jogar no contra-ataque.
O Corinthians chegou a esse ponto porque, a meu ver, cometeu um erro. No meu artigo de quinta-feira, disse que os finalistas deveriam tentar decidir a final já na primeira partida, especialmente o Corinthians.
Mas me pareceu que o Corinthians se preocupou demais com o Palmeiras e muito pouco com jogar para frente e buscar o gol de que precisava. Em desvantagem, o Corinthians precisava ter, pelo menos, tentado vencer. Mas quase só pensou em impedir o Palmeiras de jogar.
O Corinthians atuou só preocupado com a marcação. Pôs um jogador para marcar o Zinho, achando que ele era a chave do jogo do Palmeiras. Também marcou o Rivaldo, mas ele ficou solto e acabou sendo o artilheiro do jogo.
No final das contas, o Corinthians marcou mal, porque o Palmeiras fez três gols e ainda criou outras chances.
De uma maneira geral, os atacantes do Palmeiras incomodaram mais a defesa do Corinthians do que vice-versa.
O Corinthians, quando atacou, não o fez de maneira consciente. A maioria das chances aconteceram em lances fortuitos. Houve um chute do Souza, um do Marcelinho, outro do Luisinho, quase sempre de bolas rebatidas. A única jogada realmente construída foi a que resultou no gol do Marques.
O fato de o Corinthians ter dominado a bola por mais tempo não significa muita coisa. Quando teve a bola, o Palmeiras mostrou que sabia melhor o que fazer para atacar.
Em certos momentos, o Corinthians deu a impressão de dominar o jogo. Isso aconteceu principalmente nos escanteios. O fato de os palmeirenses terem cedido muitos escanteios não significa muita coisa, porque esse é um recurso da defesa.
Por outro lado, o Palmeiras, quando esteve no ataque, criou jogadas. Todos os gols saíram em lances trabalhados. No terceiro gol, por exemplo, o Evair construiu a jogada e deu para o Edmundo.
Também como eu previ houve muitas jogadas violentas e algumas até desleais. O jogo foi muito nervoso e truncado. Não houve um jogo solto e bonito como em outras partidas do Brasileiro.

Texto Anterior: PM repete esquema-gigante
Próximo Texto: Branco promete 'suar sangue' hoje para vencer
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.