São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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Seleção Natural explica menor gasto energético

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mesmo mecanismo pode explicar tanto a capacidade dos animais do deserto de sobreviverem com menos alimentos, quanto a diminuição do metabolismo de monges budistas em meditação: a seleção natural darwiniana.
"Muitos ratos do deserto provavelmente morreram antes de a espécie aprender o truque", diz o pesquisador Richard Taylor.
A seleção natural foi o processo sugerido pelo naturalista Charles Darwin (1809-1882) para explicar a evolução das espécies. A natureza "selecionaria" os animais mais aptos, que sobreviveriam e deixariam descendência com as características favoráveis.
Até surgir um rato capaz de comer menos e viver, muitos morreram pela escassez típica do deserto. Ao contrário do que parece, diz Taylor, a maioria dos animais do deserto morre antes de fome do que de sede.
Animais em geral diminuem o metabolismo para consumir menos energia. Mas há um efeito colateral perigoso: torpor. Um animal letárgico é uma vítima fácil de um predador.
Os ratos israelitas evitam o torpor e são capazes de reverter o baixo metobolismo rapidamente. Taylor teoriza que essa é uma maneira de se aproveitar de fenômenos repentinos, como uma chuva no deserto que traz mais alimento.
Com os monges, um mecanismo semelhante pode estar em ação. "Pessoas normais não conseguem. Leva muito tempo para a aprender", diz Taylor.
No caso tibetano, o ambiente cutural faria o papel da natureza.
Para os monges budistas, comer pouco ao meditar é considerado meritório. Um mecanismo social de valorização da diminição do metabolismo tende a perpetuar essa capacidade entre eles.
Para não-budistas, o mesmo mecanismo pode estar disponível no organismo, mas para obter o mesmo relaxamento da meditação seriam necessários meses de sessões de treinamento passando fome.
(RBN)

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