São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para uma festa total, só faltou a torcida

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, eu sei que a culpa, novamente, não será de ninguém. Principalmente dos dirigentes, estes modernos pensadores de estratégias para tornar o futebol um grande negócio.
Mas o público, a razão do futebol, ficou de fora das finais do Campeontao Brasileiro. Uma coincidência infeliz de erros administrativos (incluindo a Prefeitura do Paulo Maluf) puniram a galera.
O negócio futebol precisa ser tratado como coisa sagrada no Brasil. Não necessita de verba oficial, nem de protecionismo –o que é raro para uma atividade econômica no Brasil.
Precisa apenas de racionalidade e profissionalização da sua administração e de sua burocracia. E, de parcerias como a administração e segurança pública.
Não se deve esquecer que, em parte, a ausência de grande público nas finais do Pacaembu se deve à própria violência orgânica das torcidas –este ritual de suicídio em massa que assistimos nos campos.
Em um campo pequeno como o Pacaembu, com o medo da violência, muita gente preferiu o conforto da TV ao risco do estádio. Mas, uma grande final precisa de casa lotada e paixões humanas.
CBF, Morumbi, Contru, Xuxa, Prefeitura, tá certo, todos contribuíram para o fracasso do jogo final como evento. O Pacaembu era aquela festa que teria de tudo, só que os convidados não apareceram.
Mas há um detalhe a mais, que precisa ser discutido. É a fórmula adotada para as finais. Pode parecer polêmico o que eu vou dizer, mas seria a melhor maneira de se organizar umas finais com sucesso.
Venho defendendo, há tempos, que os campeonatos tenham finais. Não discordo que a fórmula de pontos corridos é a que faz mais justiça, é a mais representativa do todo de uma competição.
Mas, uma coisa é justiça, outra coisa é business. E o futebol, mais do que nunca, é show business –e negócio pesado. A maneira de atrair mais público e despertar mais emoções, é com os jogos finais.
Daí, para não cair totalmente no erro de uma fórmula, nem no de outra, optou-se pelo meio do caminho: torneios com finais, mas no qual o time de melhor campanha leva alguma vantagem.
Aí está o erro. Tira o elemento fundamental da final, que é a imprevisibilidade. Um time pode entar por dois empates. É justo, se fez a melhor campanha.
Mas é inadequado do ponto de vista de atrair interesse para o evento. É por esta razão, por exemplo, que o Pacaembu ontem tinha pouca gente. O Palmeiras já entrava com 80% da faixa.
O correto é se jogar uma, duas ou três partidas finais (como é no tênis, no vôlei, no basquete), nas quais os times, não importa a campanha retrospectiva, entram em igualdade de condições.
É injusto? É. Mas a injustiça é o tempero do futebol, não é mesmo?
A coluna de Alberto Helena Jr. hoje está na pág. 7

Texto Anterior: PALMEIRAS É BI
Próximo Texto: Rivaldo acaba com o sonho corintiano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.