São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Eleito quer controlar articulação política
GABRIELA WOLTHERS
Na gestão Itamar Franco, o ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, é responsável pela coordenação política do governo. Sua rotina é a de se reunir com parlamentares. Ele ouve os pedidos, os encaminha e, em contrapartida, pede auxílio para que o governo consiga aprovar projetos de seu interesse no Congresso. FHC, por sua vez, escolheu o atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Clóvis Carvalho, para a Casa Civil e alterou a concepção do cargo. Carvalho, tido como "executor" e não "articulador", terá como função principal traçar metas e cobrá-las de todos os ministérios. Será, como definiu um assessor de FHC, o "guardião" do programa de governo tucano. Além da Casa Civil, o Ministério da Justiça também já acumulou a coordenação da ação política dos últimos governos. Na gestão de Fernando Collor, os ex-ministros Bernardo Cabral e Jarbas Passarinho desempenhavam este papel. No governo Itamar, Maurício Corrêa, que hoje é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), também fazia contatos políticos. FHC indicou para Justiça o deputado Nelson Jobim (PMDB-RS). Advogado, ele é considerado sem nenhum traquejo político. Seu último trabalho foi o de relator da revisão constitucional, cujo fracasso é atribuído à ausência de acordos entre os congressistas. Ao invés de política, a pasta da Justiça, cujo nome deve ser alterado para Cidadania e Segurança, tratará de dar o formato jurídico correto às reformas que o governo FHC pretende realizar no Estado. Além disso, fará a ponte entre o governo e as ONGs (Organizações Não-Governamentais), que o próprio FHC já qualificou de Organizações "Neo"-Governamentais. Os programas para a criança e ao adolescente, por exemplo, hoje divididos entre a Justiça e o Ministério do Bem-Estar Social, serão comandados por Jobim. Para suprir a falta da função política, FHC já decidiu se reunir uma vez por semana com os presidentes e líderes dos partidos aliados –PSDB, PFL, PTB e PMDB. Aí serão discutidos os rumos do governo e os pedidos dos parlamentares. FHC traçará as metas e as lideranças partidárias terão a responsabilidade de se reunir com os congressistas para convencê-los dos objetivos do governo. Texto Anterior: Infra-estrutura precisa de R$ 18,7 bi Próximo Texto: Escassez de equipamentos preocupa as Forças Armadas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |