São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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FHC anuncia nomes de ministros hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, anuncia hoje, às 11h, os nomes de seus ministros. Sua grande preocupação é com o entrosamento da equipe.
"Quero o governo como um conjunto harmônico, sem instâncias estanques", disse ontem FHC a políticos que o visitaram no Palácio da Alvorada.
A meta de harmonizar o primeiro escalão foi dificultada pelo loteamento de algumas pastas entre os partidos que se propõem a apoiar o governo no Congresso: PFL, PMDB e PTB, além do PSDB de Fernando Henrique.
Ontem, apenas 24 horas antes do anúncio da apresentação formal da equipe, os partidos ainda disputavam espaços no governo.
O PMDB, por exemplo, brigava pelo fortalecimento da Secretaria de Integração Regional, entregue a Cícero Lucena (PMDB–PB).
O partido quer que Fernando Henrique confie a Lucena a gerência de órgãos como o Dnocs (Departamento Nacional de Obras contras as Secas) e a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco).
O presidente, porém, prometeu ao PFL que os dois órgãos serão acoplados ao Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, entregue ao deputado Gustavo Krause (PFL-PE).
O presidente nacional do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), disse ontem, após encontro com FHC no Palácio da Alvorada, que esta decisão ainda não foi tomada: "Quem disse que isso está definido?".
A condução da reforma constitucional também poderá se tornar um foco de atritos entre o PMDB e o PSDB. O futuro ministro do Planejamento, deputado José Serra (PSDB-SP), pretende coordenar as reformas fiscal e tributária.
Luiz Henrique disse ontem que o futuro ministro da Justiça, deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), é quem vai coordenar as propostas de reforma constitucional.
Perguntado se isso não geraria conflito com Serra, Luiz Henrique comentou: "Não haverá projeto do Serra ou do Jobim. Haverá um projeto do governo."
FHC também se reuniu com o futuro ministro da Agricultura, senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR). Ele tem a sua indicação contestada pela bancada ruralista, que alardeia possuir 200 votos no Congresso.
Andrade Vieira foi ao Alvorada acompanhado do presidente da Organização das Cooperativas do Brasil, deputado Dejandir Dalpasquale (PMDB-SC), e do presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Antônio Ernesto de Salvo.
Os dois, no entanto, não fizeram a defesa incondicional do nome de Vieira. "A Agricultura vai estar em boas mãos porque vai ser administrada pelo presidente eleito", disse Dalpasquale.
"Nós achamos que Andrade Vieira não tem ligações com as lideranças da classe, mas esperamos que ele cumpra o programa de governo de Fernando Henrique", completou Salvo.

LEIA MAIS
Sobre problemas no futuro ministério às páginas 1-6 e 1-8

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