São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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O Palmeiras é e sempre foi um vencedor

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Os anos de estiagem que separaram o Palmeiras do título de 76 às glórias recentes acentuaram os traços escuros do perfil desse clube. A paixão desmedida de seus torcedores, a vaidade excessiva de cada um dos seus cartolas, divididos e subdividos em miríades de correntes internas, que se digladiavam hoje para se unirem amanhã, o derramado gosto pelo exótico, tudo isso fez a delícia de corintianos e tricolores, nesse período.
E nesse período, realmente, o Palmeiras parecia ter perdido o senso. Jogou dinheiro pela janela, engendrando times, às vezes, até poderosos no papel, mas inócuos dentro das quatro linhas.
Mas, a história palmeirense é outra. Está muito mais próxima do quadro atual do que da exceção dos anos de fracasso.
Aliás, até mais do que o requestado São Paulo, tido e havido como um exemplo de sóbria e eficiente administração, o Palmeiras teve longas fases de sábia gerência, durante os quais não só ampliou seus patrimônio como montou esquadrões inesquecíveis, colecionando títulos.
É bom não esquecermos que o Palestra foi o primeiro clube paulista a construir um estádio que reinou durante décadas, até que o poder público, de fundos sem fim, erguesse o Pacaembu. E até hoje o Parque Antarctica é um estádio digno de um grande clube.
Desde a sua fundação, em cada década, o Palmeiras brilhou com timaços respeitáveis e desfilou craques que ganharam um nicho na galeria dos imortais do futebol brasileiro: de Junqueira a Antônio Carlos, de Fiúme a César Sampaio, de Lima a Edmundo, passando por Romeu Peliciari, Jair Rosa Pinto, Ademir da Guia, Luís Pereira e tantos outros.
Portanto, sua associação com a Parmalat, embora de certa forma movida pelo desespero dos anos sem título, insere-se naturalmente na sua história, como um passo à frente, em direção da manutenção de equipes capazes de lhe darem, sobretudo, a dignidade de um verdadeiro campeão. Perder faz parte do jogo. Mas quem perde uma em cada quatro disputas, sem dúvida, é um vencedor. E é isso que o Palmeiras é e sempre foi: um vencedor.
A saída de Luxemburgo do Palmeiras pode parecer a muitos um gesto de despreendimento. Afinal, qual o treinador que largaria um clube tetracampeão, com a estrutura singular do Palmeiras? Telê não o faria, como não fez com o São Paulo, nem perdendo quatro títulos seguidos num ano. Mas é que Telê não tem mais nada a provar nem para si, nem para ninguém. Luxemburgo, ao contrário, precisa convencer-se e à opinião pública de que ele é capaz de vencer mesmo sem a estrutura Palmeiras-Parmalat. Sofrer é da vida, já dizia o sábio do Estácio, Ismael Silva.

Velloso, Qualquer Um, Antonio Carlos, Cleber e Roberto Carlos; Marquinhos, Válber (ex-Corinthians) Souza e Rivaldo; Edmundo e Luisão. É o tri assegurado desde já.

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