São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Livro conta episódios trágicos

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao que se saiba, ninguém nunca comparou Dercy a Giulietta Masina, mulher de Fellini, atriz que atuou em diversos filmes dirigidos pelo marido. Mas é o mesmo escracho inocente, a mesma pureza safada. À brasileira, claro.
"Só vi um filme com ela", conta Dercy. "Foi 'A Estrada da Vida'. Ela era espetacular."
Dercy, diga-se, odeia palavrão. "Odeio que digam palavrão ao meu lado, me sinto ofendida. É preciso ser bom para dizer palavrão com graça."
Toda a graça de Dercy está em "De Cabo a Rabo", resultado de 30 horas de entrevista dadas a Maria Adelaide Amaral. O livro é um vira-página, por conta da forma espontânea de Dercy falar de todos os assuntos –mesmo os mais trágicos. E estes não faltam.
Períodos longos de penúria, dificuldade de produção das peças, inúmeros abortos, enfrentamentos com a censura. Dercy viveu aridamente e essas memórias tornam sua carreira mais espantosa.
O espanto é maior quando se pensa que Dercy venceu sem fazer concessões. Nunca se envergonhou de ser o que é, nunca quis ser outra coisa. Como dizia Monteiro Lobato: "Talento não pede passagem, impõe-se ao mundo". (DP)
Livro: Dercy de Cabo a Rabo
Autora: Maria Adelaide Amaral
Quanto: R$ 19,50

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