São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Bancos de problemas

As dívidas de Estados e empresas públicas com os bancos estaduais estão entre os principais obstáculos ao equilíbrio das contas públicas e, por decorrência, à consolidação da estabilidade monetária.
A deplorável situação em que se encontram as finanças de alguns Estados não é novidade. Há anos governos vêm gastando irresponsavelmente recursos de que não dispõem, usando, para isso, suas instituições financeiras como um tipo de Casa da Moeda estadual.
A autorização do Conselho Monetário Nacional para que títulos com prazo de 20 anos negociáveis no mercado venham a substituir paulatinamente as atuais dívidas de curto prazo é mais uma entre as várias tentativas de ajustamento já feitas. Mas nada garante que o problema, se resolvido, não venha a repetir-se no futuro.
As questões fundamentais ainda estão pendentes. Pouco adianta reestruturar os débitos passados se os Estados e suas empresas continuarem dispondo de bancos próprios aos quais recorrer a cada pressão de gastos que excedam as receitas. A dependência dos bancos estaduais face aos chefes de governo torna-os naturalmente propensos a todo tipo de descontrole e extremamente vulneráveis a pressões políticas. A privatização desses bancos é, assim, a melhor –se não a única– garantia de que tais distorções não se repitam.
Em um país tão carente de investimentos sociais é realmente lamentável que os rombos de empresas estatais mal administradas estejam a absorver imenso volume de recursos públicos. O Estado deve ater-se a suas funções precípuas.

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