São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Homicídios aumentam 35% em SP

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de homicídios na cidade de São Paulo aumentou de 93 para 94. A média de assassinatos/ano por 100 mil habitantes pulou de 31 para 42, um acréscimo de cerca de 35%.
O aumento pode ser ainda maior caso dezembro registre mais de 352 assassinatos, média mensal neste ano na capital do Estado.
Os dados colocam São Paulo no mesmo nível das cidades de Baltimore (EUA) e Houston (EUA). Elas registraram 41,3 e 37,3 homicídios por 100 mil habitantes, respectivamente, em 93.
O crescimento desse crime fez São Paulo se distanciar da média de Nova York (EUA) e de Los Angeles (EUA), que registraram 29 e 27 homicídios por 100 mil habitante em 93.
A cidade, porém, fica atrás do Rio de Janeiro, que pelo mesmo critério teve a média de 56 homicídios no ano passado, e de Johannesburgo (África do Sul), com cem casos por 100 mil habitantes em 93.
Os números são da Secretaria da Segurança paulista e do trabalho "Violência Urbana – São Paulo e Outras Metrópoles", do coronel da PM Hermes Bittencourt Cruz.
Até o dia 30 de novembro passado já haviam acontecido 3.887 assassinatos na cidade em 94. "Os números de São Paulo não diferem das grandes metrópoles mundiais", afirmou o secretário da Segurança Pública, Antônio Correa Meyer, 48.
Os bairros da região de Santo Amaro (zona sul de SP) têm índices de assassinatos só comparáveis ao da cidade de johannesburgo. Os campeões em número de homicídios são Capão Redondo e Parque Santo Antônio. Cada um deles registra uma média de 155 assassinatos por 100 mil habitantes.
Jardins, Belenzinho, Morumbi e Vila Mariana estão entre os que têm menor número de assassinatos na cidade. Suas médias são de 31, número comparável aos de Nova York e de Los Angeles.
Grande SP
Ao contrário da capital, nos demais municípios da Grande São Paulo houve redução no número de homicídios por grupo de 100 mil habitantes. A média de 46 registrada no ano passado caiu para 39,1 este ano.
Apesar disso, o número de assassinatos na Grande SP, incluindo a capital, aumentou. Esse número, que em 93 foi de 36, em 94 deve chegar a 41 –considerando que dezembro registre 548 assassinatos, média mensal deste ano.
A região já havia registrado 6.047 homicídios até o dia 30 de novembro deste ano contra 5.828 que aconteceram em 93. Da 0h de sexta-feira passada à 0h de segunda-feira, ocorreram 84 assassinatos na Grande São Paulo.
"É comum, nesta época do ano, o número de homicídios crescer de 10% a 15%", afirmou o delegado Nélson Silveira Guimarães.
Ele é o diretor do Departamento de Homicídios da Polícia Civil. Para ele, as principais causas desse fenômeno seriam o alto consumo de bebidas alcoólicas e de drogas.
O coronel Hermes Bittencourt Cruz, 56, assessor do Comando Geral da Polícia Militar, afirmou que os números estatísticos revelam que a desorganização social é o principal fator para a ocorrência de assassinatos.
"Bairros consolidados, como os da região central da cidades, têm poucos homicídios. Esse tipo de crime aumenta conforme vai se chegando na periferia", afirmou.
Formado em pedagogia e direito, Cruz usou em seu trabalho dados fornecidos pelas polícias norte-americana, sul-afrinana, francesa, inglesa, carioca e paulista.

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