São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Queda em reservas gerou crise

ANDRÉ LAHÓZ
DO ENVIADO ESPECIAL AO MÉXICO

O fato que detonou a recente desvalorização do peso foi a queda das reservas internacionais do país. O México, que tinha mais de US$ 24 bilhões em reservas no final de 93, tem hoje US$ 6 bilhões.
O programa de estabilização mexicano, iniciado em 1988, se valeu de uma âncora cambial. A idéia de âncora cambial é fazer com que o preço do dólar não varie ou varie menos do que a inflação. O dólar "puxaria" os outros preços da economia para baixo.
Mas os outros preços demoram para parar de subir. O dólar vai então ficando barato, pois todos os preços ainda estão subindo e o dólar não. Assim, as importações também ficam baratas. E as exportações vão ficando mais caras.
Isso leva o país a aumentar suas importações e diminuir suas exportações. Foi o que ocorreu no México. Para se ter uma idéia, o México importava US$ 19 bilhões em 1987; em 1993, esse número foi de US$ 64 bilhões.
O governo do México só teve dinheiro para manter as importações altas porque conseguiu atrair dólares para o país. O problema é que a maior parte desses dólares não foi para investimento diretos, mas para especulação.
O dinheiro especulativo é muito volátil, indo embora ao menor sinal de problemas.
Foi o que ocorreu neste ano. Começou com a guerrilha no Estado de Chiapas. Houve então os assassinatos do candidato do PRI (governista), Luis Colosio, e do secretário-geral do partido, José Massieu. A retomada das ações guerrilheiras nas últimas semanas foi a gota d'água. Os investidores estrangeiros resolveram sair do México.(André Lahós)

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