São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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BC vai impedir alta do dólar

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍIA

O Banco Central tem munição para impedir qualquer alta especulativa do dólar no Brasil, em consequência da crise mexicana.
Segundo a Folha apurou, o BC considera traquila a situação econômica e financeira no Brasil. A queda nas bolsas e nos papéis brasileiros, além das súbitas variações no dólar, seriam consequência de nervosismo e especulação.
Em resumo, a avaliação diz que a situação é tranquila, mas as pessoas estão nervosas. Nessa circunstância, o BC acredita que precisa demonstrar a firmeza e a permanência de sua política cambial.
Assim, o banco vai entrar pesado no mercado, sempre que for necessário para impedir movimentos bruscos da cotação do dólar.
O BC tem detectado compras ou vendas de dólar em quantidades desproporcionais, feitas por grandes instituições financeiras. Sinal de desorientação.
No alto escalão do BC, costuma-se dizer que o banco tem "muita bala, mas muita bala" para segurar as cotações do dólar. Trata-se das reservas acima de US$ 40 bilhões.
Na avaliação do BC, quando a situação do México se acalmar, os investidores estrangeiros acabarão percebendo a superioridade da economia brasileira. E voltarão a aplicar nos papeís brasileiros.
Há concordância, na equipe econômica e nos meios privados, quanto ao bom momento da economia brasileira. A inflação é declinante, mesmo com a economia muito aquecida.
Acredita-se que essa é a tendência do próximo ano, de modo que haveria tempo para se encaminhar as reformas estruturais que dariam durabilidade ao real. Ou seja, o Brasil, ao contrário do México, teria tempo para ajeitar sua economia antes que aconteça qualquer encrenca com a cotação do dólar. (Carlos Alberto Sardenberg)

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