São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994 |
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Cinema Novo tem ponto alto
INÁCIO ARAUJO
Não são apenas problemas de produção. Joaquim Pedro (1932-1988) teve muito mais recursos para fazer "O Homem do Pau-Brasil" (1981) do que "O Padre e a Moça" (Cultura, 23h30). Mas o último longa do cineasta é um equívoco insípido, enquanto o primeiro é uma obra-prima. A história, inspirada em um poema de Carlos Drummond, é simples: a de um padre (Paulo José) de interior que se apaixona por uma moça (Helena Ignez). Em torno desse núcleo, que tem o desejo por centro, Joaquim Pedro faz um retrato belíssimo e cruel do conservadorismo nacional. Não há bem uma tentativa de entender o Brasil, dessas que o Cinema Novo produziu às pilhas, com resultados irregulares. Parte-se do homem, do sujeito envolvido na ação, para a cultura. Esse último item é, no mais, o que particularizou a obra do diretor. Trabalhou menos com a realidade social do que com a formação cultural do Brasil. Nela, seu ponto de apoio principal era a sensualidade. Ela é transbordante em "O Padre e a Moça", tanto pelo conflito entre sexualidade e repressão, como pela beleza dos atores e pelo encanto da paisagem. Mas é sobretudo da vitalidade, do vigor, da esperança de mudança na percepção das coisas –implícita e evidente– que vem sua beleza.(IA) Texto Anterior: Não tenho convite mas tô vendendo o meu! Próximo Texto: Papa evita fazer aquela pergunta ao Clô Índice |
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