São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Outra vez o PMDB

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – O governo Fernando Henrique Cardoso pode estar comprando um equívoco, ao apostar firmemente na validade do Conselho Político como instrumento principal de ação política da futura administração.
O conselho reunirá os presidentes e líderes no Congresso dos partidos que fazem parte da coligação governista. Ou seja, os três partidos que já estavam coligados durante a campanha (PSDB, PFL e PTB) mais os que se agregaram depois, em especial o PMDB.
O PMDB é o dono da maioria relativa do Congresso Nacional e, nessa condição, essencial para a aprovação de qualquer proposta do Executivo. Mais ainda das propostas de reforma constitucional, que exigem quórum qualificado (3/5 de cada Casa do Congresso e, ainda por cima, em duas votações).
Em nome do PMDB, participa do conselho o seu presidente, o deputado federal reeleito Luiz Henrique da Silva (SC). E farão parte igualmente os líderes no Senado e na Câmara a serem ainda escolhidos. Se se confirmar a hipótese de manutenção de Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) como líder do governo, o PMDB terá então quatro e não três representantes no conselho.
Até aí, tudo muito bem. Acontece que, como se admite no próprio coração da equipe FHC, Luiz Henrique não controla um único voto peemedebista no Congresso. É possível até que todo o PMDB venha a votar com o governo, mas dificilmente se poderá atribuir tal proeza a Luiz Henrique.
Em outras palavras e sempre seguindo um raciocínio que se faz no comando político do futuro governo, o PMDB continua sendo um problema não resolvido em termos de apoio parlamentar à administração que começa domingo.
É verdade que essa percepção é matizada pela observação de que não resta ao partido outro caminho que não seja apoiar o governo. "Que oposição pode ser o PMDB?", pergunta-se no círculo íntimo de FHC.
É uma boa pergunta, mas, em governos anteriores, o PMDB especializou-se em jamais respondê-la. Era governo e oposição ao mesmo tempo, sem explicar a mágica. Agora, é esperar para ver o que será.

Texto Anterior: Pouca pena
Próximo Texto: A lista de Serra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.