São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Caras

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

SÃO PAULO – A cara passada de Itamar Franco. A cara honorável de Ibsen Pinheiro. A cara de máscara de João Alves. A cara metade de José Carlos dos Santos. A cara dentifrícia de Roriz. A cara clínica de FHC.
A cara carandiru de Fleury. A cara lavada de Quércia. A cara de anteontem de Brizola. A cara sem inocência de Inocêncio. A cara acarajé de Antônio Carlos Magalhães. A cara Sarney de Roseana.
A cara de pau do Congresso aprovando mais IR para assalariados. A cara de pau do Congresso rejeitando aumento de IR para empresas. A falta de cara do Congresso. A cara dura de Maluf e Medeiros tentando, na TV, ligar Lula ao assassinato de Oswaldo Cruz Jr.
A cara de loraburra do Gabriel. A cara mexicana das novelas brasileiras. A cara brasileira das novelas venezuelanas. A cara de Terceiro Mundo do Primeiro Mundo brasileiro. A cara dá-dá de Gugu. A cara bom-ar do Amaury. A cara Xuxa da Angélica. A cara xôxa da Xuxa. A cara Brahma da Antarctica. A cara Antarctica da Brahma. A cara de índio do garimpeiro. A cara de garimpeiro do índio. A cara pálida da Funai.
A cara de joão-bobo do Havelange impedindo Pelé de aparecer na Copa. A cara de Dunga do Parreira afirmando que em seleção não se improvisa. A cara de felicidade de Piazza, Rivelino e Tostão, tricampeões improvisados em posições que não acupavam em seus clubes. A cara fechada da seleção. A cara amarela da derrota. A cara azul da vitória. A cara em branco do Branco.
A cara de velho da criança no sinal. A cara acuada do motorista no sinal. A cara de lúmpen da burguesia. A cara de burguês da esquerda. A cara de ladrão do policial. A cara de corrupto do fiscal. A cara de fiscal do corrupto. A cara de fariseu do pastor. A cara de madame da prostituta. A cara de prostituta da madame.
A cara de que pode dar. A cara de que talvez não dê. A cara de que não vai dar. A cara a tapa. A cara do Brasil.

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