São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Largada

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Começou a revisão." Os principais noticiários de televisão abriram ontem saudando o início da revisão que alguns tanto desejam e outros tanto temem. Fernando Henrique Cardoso ficou para trás e "o Fundo Social de Emergência entrou no último lugar da lista" de votação acertada pelas lideranças dos partidos, segundo o Diário da Revisão –que afinal mostrou alguma utilidade.
A vitória do dia foi para os partidos direitistas, que dobraram as legendas centristas, as quais fecharam acordo "para não inviabilizar as votações". Quer dizer, PPR e PFL marcaram um ponto, contra meio de PMDB e PSDB, contra nenhum de PT e PSB. A sopa de letras se explica pela própria razão que move hoje a revisão, que é pouco mais do que uma prévia da luta eleitoral.
Era preciso alguém com a sinceridade de um Saulo Ramos para abrir o jogo. No Opinião Nacional, o ex-ministro de José Sarney afirmou abertamente: "O Lula vai ser eleito e o Brasil tem que se vacinar contra isso. Tem que se vacinar contra as idéias estatizantes." Não é para outra coisa que serve a revisão iniciada ontem. Ao menos, a revisão que pretendem o PPR e o PFL.
No muro, peemedebistas e tucanos vão fechando acordos aqui e ali, sustentando suas esperanças na viabilização da terceira via. Como disse FHC, com o rosto cansado, no TJ Brasil: "Tem que botar na prisão quem tiver roubado. Começar a revisão também é necessário. (Mas também) é necessário, finalmente, me darem condições para eu poder enfrentar a inflação. Eu espero que isso seja feito esta semana."
Sim, não, em termos
A divisão entre direita, muro e esquerda na revisão tem como questão central as estatais. Foi o que escancarou o Diário da Revisão. Falaram José Lourenço, do PPR: "Nós temos que abrir o país." Mansueto de Lavor, do PMDB: "Eu defendo a privatização, mas não indiscriminadamente." Miguel Arraes, do PSB: "Falam em privatizar, que é dar de qualquer forma o patrimônio a grupos que formam monopólios privados."
Disparada
Não há melhor prova de que a direita dá as cartas, no início da revisão, do que uma manchete do Jornal Bandeirantes: "Bolsas de Valores disparam." É o dinheiro de fora, esperançoso com a abertura do país.

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