São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Só força decide conflito bósnio, diz sérvio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder dos rebeldes sérvios que combatem a independência da Bósnia, Radovan Karadzic, disse ontem que o conflito iniciado há quase dois anos deverá ser decidido "no campo de batalha, não na mesa de negociações" e que a responsabilidade por isso é da comunidade internacional.
Karadzic, que anteontem ordenou uma mobilização geral das forças sérvias para uma "guerra total", salientou que a comunidade internacional parece propensa a reconhecer a legitimidade das conquistas territoriais já consolidadas –o que garantiria aos sérvios, 32% da população, algo em torno de 70% do território bósnio, enquanto os muçulmanos, que são 43%, ficariam com apenas 13%.
O presidente (muçulmano) da Bósnia, Alija Izetbegovic, afirmou em Sarajevo que não vai admitir a "paz a qualquer preço". Falando sobre os esforço da ONU para concluir conversações de paz até 10 de fevereiro, ele acrescentou: "Se não nos oferecerem uma paz justa, não assinaremos nada".
O chanceler bósnio, Haris Siladjic, afirmou que seu governo está "perdendo a paciência" em relação aos esforços de negociação liderados pela ONU e a União Européia (antiga Comunidade Européia). "Não podemos continuar indo a Genebra mês a mês, ano a ano, sem resultado", disse.
O secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali, nomeou ontem o general francês Bertrand de Lapresle como comandante das forças da ONU na ex-Iugoslávia. Ele substitui Jean Cot, também francês, que deixou o cargo depois de fazer fortes críticas à maneira como a comunidade internacional vem tratando o conflito.
Em Copenhague, o chanceler da Dinamarca, Niels Pedersen, disse que a União Européia vai estudar a imposição de sanções econômicas à Croácia, outra ex-república iugoslava, porque ela teria enviado 10 mil soldados de seu Exército para combater os muçulmanos da Bósnia ao lado dos croatas-bósnios. A ONU não confirmou denúncias de entidades não-governamentais de ajuda humanitária de que o Exército da Iugoslávia (Sérvia e Montengro) estariam se infiltrando no leste da Bósnia-Herzegóvina também para combater os muçulmanos.

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