São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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Rebeldes mexicanos negociam com governo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes indígenas do sul do México anunciaram ontem ter chegado a um acordo com um representante do governo. O comunicado do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) afirma que o início das negociações entre os guerrilheiros e o representante do governo, o ex-ministro Manuel Camacho Sollis, é "iminente". Esta é a primeira vez que os rebeldes falam explicitamente em negociações com o governo.
Em nota divulgada minutos depois, Camacho Sollis afirma que o uso da palavra iminente representa um passo importante para uma reunião e o avanço do processo de paz e reconciliação.
As duas partes concordaram que as negociações, a serem realizadas em local e data ainda indefinidos, sejam mediadas pelo bispo Samuel Ruiz. Defensor dos direitos dos índios descendentes dos maias, Ruiz já foi acusado de apoiar a revolta.
Em 1º de janeiro, guerrilheiros do EZLN ocuparam seis cidades do Estado de Chiapas (sul do México), exigindo a distribuição de terras e acusando o governo de práticas "genocidas" contra a população camponesa de origem indígena.
O governo do presidente Carlos Salinas de Gortari enviou 12 mil soldados (um quinto do Exército) para a região. Nos combates que se seguiram, mais de cem pessoas morreram. Segundo testemunhas, o Exército teria torturado e executado rebeldes. Os guerrilheiros tomam seu nome de Emiliano Zapata, um dos líderes da Revolução Mexicana (1910-17).
Ontem, o Congresso norte-americano começou a examinar a situação dos direitos humanos no México.
Imprensa
O governo mexicano informou que vai "investigar as origens" das ameaças contra o jornal "La Jornada", denunciadas anteontem pelo próprio diário. Em editorial, o jornal da Cidade do México disse ter recebido ameaças de uma Frente Anticomunista Mexicana.

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