São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cidade amanhece com mil cães mortos
ANDRÉ LOZANO
A professora de estudos sociais de uma escola pública de Barcelos Maria Zenaide Socorro Autran Fonseca, 35, registrou imagens de moradores circulando nas ruas levando dezenas de cachorros, gatos e urubus mortos empilhados em carrinhos de mão. Um caminhão da prefeitura foi utilizado no recolhimento dos animais. "Eu acordei na quarta-feira e quando fui ao quintal vi que os meus 40 pintinhos de até três meses estavam mortos. Perdi também meu cachorro de raça", disse a professora. Maria Zenaide afirmou que viu um furgão da prefeitura jogando pedaços de frango nas calçadas e nos quintais das casas na madrugada anterior à catástrofe. O prefeito de Barcelos, Valdeci Raposo e Silva, disse que a prefeitura está desenvolvendo uma campanha de retirada dos cachorros das ruas, mas negou que tenha determinado a matança dos animais nas vias públicas. "Eu já determinei a devida apuração dos fatos", disse o prefeito. Ele estima que 120 animais foram mortos. O coordenador de fiscalização do Ibama, José Leland, afirmou que o órgão tem informação que foram mortos mais de mil animais. Leland informou que o envenenamento dos cachorros comprometeu a cadeia alimentar terrestre da cidade. Os urubus estão morrendo em consequência da carniça dos cachorros mortos. "A chuva ou os próprios moradores podem ter jogado os animais mortos nos rios e isso pode acarretar o envenenamento das águas, podendo chegar aos moradores pela ingestão de peixes." A professora Maria Zenaide disse que processará a prefeitura por supostamente ter jogado os alimentos envenenados dentro das residências. Ela confirmou que uma vizinha sua jogou dois cachorros mortos no rio Negro. Texto Anterior: O Comando das drogas Próximo Texto: PF 'caça' americano por contrabando Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |