São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Brasil estuda resposta às criticas dos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo brasileiro estudava ontem à noite a conveniência de responder às declarações feitas na segunda-feira pelo subsecretário do Comércio dos EUA, Jeffrey Garten, no World Trade Center, em Miami. Garten disse que a administração de Itamar Franco está "reincidindo em renovadas práticas de protecionismo comercial".
Ele citou duas áreas (telecomunicações e informática) em que esse protecionismo é, a seu ver, mais ostensivo. Garten também colocou em dúvida as chances de êxito do programa econômico do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso e, apesar de reconhecer as "potencialidades" brasileiras, afirmou que o futuro econômico do país é cheio de "incertezas".
O discurso de Garten ocorreu numa semana em que as relações entre Brasil e EUA enfrentam focos de atrito em vários setores. As conversações sobre a questão da propriedade intelectual prosseguem em Washington e a possibilidade de serem aplicadas sanções comerciais contra o Brasil no dia 28 é grande, a não ser que alguma radical e inesperada mudança da política brasileira sobre o assunto ocorra até lá.
O embaixador brasileiro em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, está em Brasília e levou ao ministro Celso Amorim mensagem pessoal sobre o tema do responsável pelo comércio exterior dos EUA, Mickey Kantor, com quem esteve na sexta-feira.
A dura nota de anteontem do Palácio do Planalto em resposta ao relatório do Departamento de Estado sobre a situação dos direitos humanos em 193 países continua repercutindo mal no governo dos EUA, onde muitos acham que o estudo foi até brando com o Brasil.
Apesar dessas dificuldades, o governo brasileiro acha que a estratégia de responder rápido e com dureza a qualquer ataque contra o país está dando certo e deve ser mantida. O melhor exemplo recente do sucesso dessa opção foi a carta do presidente do Banco Mundial, Lewis Preston, ao embaixador Flecha de Lima, na qual ele lamenta "os constrangimentos" provocados pelas críticas de um vice-presidente do banco ao Brasil, rechaçadas em termos duros e incomuns pelo embaixador na segunda-feira

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